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Tu palmitas, e nós preteridas

5 de novembro de 2015

Texto: Stephanie Ribeiro / Ilustração: Vinicius de Araújo

A realidade da miscigenação racial afetiva e a estrutural solidão da mulher negra

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PALMITEIRO é uma palavra que quebra o mito da sociedade racialmente democrática e miscigenada. Onde “amor não tem cor”, com apenas essas 10 letras se questiona machismo, privilégios, imposições afetivas e manutenção de um padrão estético eurocêntrico; e se coloca em evidência uma realidade estrutural e cruel que se quer velar: a solidão da mulher negra.

Palmitagem é um neologismo usado por mulheres negras brasileiras para se referir a homens negros cis hétero que estão envolvidos com mulheres brancas, principalmente por eles estarem numa posição de privilégio em relação à opressão de gênero. Não, eu não estou negando que homens negros sofrem racismo! Estou afirmando que não sofrem machismo, e isso lhes permite usufruir do privilégio de fazer determinadas: escolhas.

Ter privilégios significa usufruir de oportunidades e escolhas sem ter que pensar sobre isso, como ligar a torneira de casa para ter água. Decisões que parecem banais, mas não são, por causa da existência de um conjunto de indivíduos da mesma sociedade que não têm as mesmas oportunidades. É justamente por possuir privilégios que é difícil entender que, apesar da liberdade para se esforçar e lutar pelo que se deseja, não são todos que atingem a linha de chegada com o mesmo sucesso.” – Túlio Custódio, para revista GALILEU, matéria – Você é racista – só não sabe disso ainda.

Nós, negros, e a falta de amor

Os desprivilégios que nós, negros, compartilhamos, independente do gênero, é o de não saber amar. Somos em geral frutos de lares destruídos pelo racismo, de famílias que contam apenas com uma mãe sobrecarregada, ou que convivem com agressões físicas sendo naturalizadas. Quando pensamos numa família perfeita e repleta de amor, a imagem que nos vem à cabeça, imediatamente, é aquela imposta pela mídia: pessoas brancas felizes com dois filhos e um cachorro.

Parece que para pessoas negras o amor é algo distante demais. Se fôssemos enumerar quais as barreiras que o racismo nos coloca, citaríamos educação, salários, representatividade, entre outros campos. Mas nunca lembraríamos o campo afetivo. E é nessa categoria que muitas vitórias racistas se acumulam, afetando nossa saúde psicológica por nos fazer carregar repetidas frustrações e aceitar reproduções de relacionamentos abusivos. Tudo isso em silêncio, como se não existisse um problema estrutural. Já que amor é “bobagem” e não se discute, ainda mais entre negros educados para serem “autosilenciados” com medo de não serem tão “fortes” assim.

Em Vivendo de Amor, Bell Hooks (2006:188), afirma que “muitas mulheres negras sentem que em suas vidas existe pouco ou nenhum amor”. E esse é um reflexo de um desprivilégio da mulher negra, o da não escolha sobre si mesma, que somado com as imposições das visões criadas sobre nós pelo imaginário racista: somos os símbolos sexuais quentes, estereótipo criado  para justificar historicamente os estupros sobre nossos corpos. Ou pior, apenas servimos para nutrir, como amas-de-leite. Criam-se assim, as condições perfeitas para a chamada:

Solidão da mulher negra

Na nossa sociedade atual ainda reverberam os pensamentos vinculados ao passado de violência e objetificação contra mulher negra. Somos as mulheres geralmente lembradas quando alguém pensa em uma relação sexual. Em se tratando de estereótipo da ama-de-leite, somos para todas as pessoas no círculo de convivência, incluindo para amigos, companheiros e familiares, as que escutam, as que nutrem, e de forma até financeira e psicológica, somos sugadas literalmente pelos problemas alheios. E, sem tardar, nos tornamos inúteis assim que eles são resolvidos, mesmo que seja com nossa ajuda.

    • Que mulher negra nunca foi a terapeuta de alguém pós-transa?

 

    • E pior, qual mulher negra não se identifica com essas situações citadas

Dentro dos laços familiares, amizades e relacionamentos afetivos, nós mulheres negras experimentamos diferentes formas de falta de amor e isolamento, pouco comuns na vida de mulheres brancas. Isso é reflexo da nossa vulnerabilidade, numa sociedade na qual somos representantes de, pelo menos, três opressões: raça, classe e gênero.

A solidão da mulher negra está presente em vários campos afetivos. Vivemos a ausência de amor em diversas de nossas relações. Muitas mulheres negras, mesmo dentro de seus relacionamentos, se sentem sozinhas.

Podemos nos lembrar de Carolina Maria de Jesus que, ao escrever Quarto de Despejo, parecendo retratar apenas o cotidiano de uma mulher favelada, evidencia na verdade as consequências do isolamento afetivo aqui citado. Para nós, negras, sobraria apenas uma alternativa: lutar para sobreviver.

Essa personagem da vida real se torna um símbolo nacional da solidão afetiva da mulher negra. Em seu vocabulário não se existe a palavra amor e muito menos ela conta em suas memórias sobre algum ato de carinho, empatia e afeto, entretanto, existe em sua narrativa excesso, não só de fome, mas também de solidão.

“A escravidão criou no povo negro uma noção de intimidade ligada ao sentido prático de sua realidade. Um escravo que não fosse capaz de reprimir ou conter suas emoções, talvez não conseguisse sobreviver.” – Bell Hooks em Vivendo de Amor.

Como Bell diz, nós negros estamos feridos, e o racismo que vem criando barreiras nas nossas vidas não deixa de agir nas nossas relações interpessoais. Carolina usa o lápis e o seu caderninho velho achado no lixo para sem querer, querendo denunciar com palavras as desigualdades e sofrimentos que a assolam. Nós negros temos muita dificuldade para falar sobre amor, ou melhor, tínhamos, afinal a ascenção do discurso do feminismo negro no Brasil vem dando voz a diversas “Carolinas” que com seus posts em blogs, redes sociais, ilustrações, e até memes, começam a falar cada vez mais desse assunto, da forma que elas julgam melhor.

O amor afrocentrado e o termo palmitagem

Relações afrocentradas são aquelas que envolvem escolha de e entre parceiros negros, podendo ser de diferentes gêneros e orientações sexuais. A atualidade da discussão sobre o tema  traz a existência de um preterimento sobre os símbolos sociais que alguns corpos negros representam. Hoje se fala de solidão afetiva também entre mulheres negras trans, mulheres negras lésbicas e também homens negros gays.

O amor que designa relações românticas e afetivas TEM COR sim. Um dos trabalhos mais significativos sobre isso é de  Claudete Alvez no seu livro Virou Regra, no qual ela  apresenta uma reflexão sobre a solidão da mulher negra e a sua subjetividade face ao preterimento pelo homem negro.

O  termo palmiteiro é fruto do questionamento aos homens negros feito pelas mulheres negras em relação à escolha afetiva de “seus pares”. Isso não é sobre essencialismo, baseado na ideia que negros devem ficar com negros, pois só nós nos entendemos. É simplesmente a indagação sobre a sistêmica presença de casais interraciais cis hétero compostos por um homem negro e uma mulher branca, no nosso cotidiano. Essa presença se marca também nas representações: nas propagandas de dias dos namorados, nas novelas, etc. O mito da democracia racial brasileira que foi criado em cima da política de mestiçagem encontrou nessa composição a reprodução perfeita da ideologia que o “amor não tem cor”. Afinal, nessa fantasia nacional, é sempre importante a falácia de que: “vivemos numa sociedade não racista, onde cores não importam, tanto que existem milhares de Pelés com suas Xuxas”.

Quando digo ‘pares’, quero evidenciar que mulheres negras estão mais próximas de homens negros, do que mulheres brancas estariam de homens brancos, pois o racismo nos une.

Vale também ressaltar que comparar o nosso país aos EUA acerca de uma “proibição de casamentos entre brancos e negros”, quando estamos tratando sobre palmitagem, é no mínimo falta de conhecimento e leitura sobre o modo como se deram e dão a construção de políticas raciais em cada um dos países. Na América do Norte, houve leis anti-miscigenação, ou seja, constitucionalmente contra casamentos interraciais; enquanto que aqui no Brasil, fora pensado um processo de clareamento da população baseado na “mistura”, que não garantiu inclusão bem como reforçou o racismo de maneira velada na sociedade.

Sendo assim a dinâmica racista de valorização da miscigenação para “apagar o componente negro”, o homem negro, de diferentes condições sociais, vem historicamente marcando sua preferência por mulheres com pele mais clara, sempre que possível. Essa, aliás, não é uma discussão que é nova, tanto no Brasil como nos EUA, feita por mulheres negras. Por exemplo, para ilustrarmos, não precisamos buscar apenas em livros ou artigos acadêmicos. Podemos nos inspirar nas representações artísticas e de entretenimento, como no seriado Everybody Hates Chris, quando Rochelle (a mãe da personagem principal) diz para Julius, seu marido: “Pode me trocar por qualquer uma, só não pode ser branca”. Ou, no recente filme Dear White People, quando a personagem Coco antes de ter sexo com personagem Troy, diz que não namora negros “já que eles preferem e trocam negras por brancas”.

Elas estão expressando opiniões e inseguranças, consequências dos mesmos questionamentos sobre as escolhas afetivas do homem negro que nós, mulheres negras brasileiras, estamos fazendo.

Não é preciso ir para Londres para entender que as denúncias feitas em Fake Deep, da  artista, diretora e cineasta Cecile Emeke, também são sobre nós mulheres negras brasileiras que somos arrasadas por relações afetivas abusivas, onde somos vítimas inclusive de homens negros.

Seja mulheres negras brasileiras, norte americanas e europeias, vivendo a realidade de países com diferentes políticas raciais, todas nós em contexto de diáspora estamos falando sobre esse assunto. Mesmo não usando sempre o termo “palmitagem”, existe o mesmo cansaço de ver sempre homens negros cis hétero que detém algum privilégio social/intelectual/ repetidamente optando por seus relacionamentos “perfeitos” interraciais. Ademais, muitas vezes essa escolha vem seguida de um rastro de destruição na vida de mulheres negras, anteriores a escolha afetiva feita.

Aqui no Brasil, Tiaguinho, Rael e Emicida fazem parte dos novos cantores e artistas negros que detêm destaque profissional e, como um reflexo de representação e significado do lugar que ocupam, apareceram em fotos com suas namoradas mulheres brancas. Não há muita novidade: são os herdeiros de Alexandre Pires, Bnegão, Falcão. Podíamos citar até intelectuais negros, como Franz Fanon e Abdias do Nascimento, que dedicaram suas vidas a debater racismo, para demostração desse comportamento. É sistêmico!

A repetição dessas escolhas nos levam a acreditar em dois fatos:

    • Estabilidade tem cor: Homens negros preferem SIM manter relacionamentos estáveis e duradouros com mulheres brancas. E  o preferem mesmo diante de relacionamentos potencialmente abusivos e problemáticos, quando da falta de debate sobre privilégios de cada um. Ah, e isso não quer dizer que, eventualmente, não namorem ou transem com mulheres negras.
    • Posição de destaque tem cor: Homens negros que viveram relacionamentos sérios com mulheres negras, acabaram com essas relações assim que ganharam destaque, sucesso ou lucro em suas carreiras.

 

Entretanto, não são essas pequenas demonstrações de ascensão que vão proteger homens negros da discussão racial com recorte de gênero. Não é  por menos que eles são lembrados de sua “palmitagem” por nós mulheres negras sempre que possível. E eles se incomodam, pois essa lembrança questiona seu privilégio. Eles também ficam “revoltados”, pois quando dizemos “ela é branca e você negro”, demarcamos a eles sua situação de vulnerabilidade para com racismo frente suas parceiras.

O que leva a isso?

Uma das primeiras coisas que se questiona quando se evidencia essa situação estrutural de palmitagem é “mas ele/eu não tem/tenho culpa: meu gosto não tem cor”. E para lidar com esse argumento, podemos ressaltar essa passagem de um texto de Ana Claúdia Lemos Pacheco:

“Um estudo sobre emoções e afetividade, segundo alguns autores da corrente da antropologia das emoções, aponta para a importância de compreender como sistemas de significados emocionais, sentimentais, afetivos são construídos em cada sociedade ou, dito de outra forma, de como os signos emocionais ganham significados em situações específicas e gerais. De certo que independentemente das interpretações teóricas que existem em relação aos estudos das emoções na antropologia, há o entendimento de que a área das emoções, dos sentimentos, das escolhas afetivas, da conjugalidade, expressa formas de comportamentos interpessoais e padrões de conduta, isto é, a emoção tem um papel central na construção do mundo, ela expressa a própria cultura.” – Ana Cláudia Lemos Pacheco – Raça, Gênero e Relações Sexual – Afetivas na Produção Bibliográfica das Ciências Sociais Brasileiras – Um diálogo com o tema. 

Em outras palavras: gosto é uma construção social, que se sobrepõe e estrutura escolhas individuais. E homens negros, assim como toda sociedade, são condicionados e educados para verem na mulher branca não só o padrão estético do bonito, do belo, bem como um símbolo de ascensão e representação do que simboliza ser homem branco cis hétero na sociedade.

Essa é uma trama de machismo, racismo e opressão de classe. Trama essa que resiste e insiste, dentro dos próprios oprimidos, na reprodução da opressão. Para as mulheres negras sempre se deságua em algo muito dolorido a percepção do preterimento afetivo, principalmente por homens negros. Por isso, nos resta o grito de raiva, de resposta a essa situação: Palmiteiro!

Aquele grito que deixa marcado que vocês, homens, e como nós, negros, estão escolhendo reafirmar a lógica escravocrata que nós só temos o corpo que nutre ou é usado para o sexo. Não sendo da nossa “natureza”, segundo essa ideologia, pensar. E também não é amar. A revolta que muitas mostram é pela repetição e não pela sua escolha individual.

Os diversos questionamentos das mulheres negras

Hoje, muitas mulheres negras questionam as que escolhem falar sobre esse assunto, dizendo que vivem sozinhas e felizes. Podemos ser plenas, vivendo sozinhas. Porém, a escolha por ser só tem que partir de nós e não de uma imposição estrutural de uma sociedade racista e machista, a mesma que ainda pauta uma visão de mulheres negras baseada em quase 400 anos de escravidão.

Assim, como poderíamos não nos incomodar com esses fatos, mas só quem é negra sabe o quão duro é manter qualquer relação afetiva. E a situação se configura como regra quando observamos o que ocorre com mulheres negras que conseguem minimamente romper essa realidade de preterimento afetivo.

Sim: O mundo parece que vai contra nós mesmo quando estamos num relacionamento. Até as mulheres brancas feministas, que falam tanto sobre sororidade, quando veem uma mulher negra vivendo a plenitude de uma relação afetiva feliz, se incomodam quase que imediatamente.

“Ahh ela é negra!”

“Ahh ela é negra?”

“Ahhh mas ela é negra!?”

São algumas das expressões mais escutadas por pessoas que vivem uma relação com uma mulher negra. É tão embutido na nossa sociedade que não temos o direito de amar. Acaba sendo uma pequena revolução na vida de uma mulher negra se ela têm um relacionamento aparentemente saudável e feliz. Um fato chocante para os demais.

Em Americanah, de Chimamanda Ngozi Adichie, por meio da personagem Ifemelu, a autora salienta o quão representativo era um homem negro como Barack Obama, presidente de uma nação poderosa como os EUA, estar de mãos dadas com uma mulher negra ocupando aquele espaço em sua posse. Isso porque existem reflexos claros na vida de inúmeras mulheres negras mesmo diante da existência de alguma vivência afetiva. Ainda hoje nós, negras, estamos fadadas a migalhas e pequenas demonstrações de amor escondidas e camufladas. Não é só sobre andar de mãos dadas na rua.

É sobre como homens, e principalmente homens negros, estão fazendo declarações públicas para suas companheiras brancas até mesmo em comentários nas redes sociais; enquanto para nós usam diversas desculpas para deixar isso escondido. É o elogio e a declaração de amor só no “inbox” que vai carregando nossas almas de ódio e inflando nossos pulmões para os gritos de PALMITEIRO.

Algumas mulheres negras discordam do uso da palavra palmiteiro, e da forma como ela usada. Acredito que mulheres negras devem ser vistas enquanto sujeitos plenos gozando assim da possibilidade de agir de forma individual, não sendo sempre responsáveis pelo coletivo. Temos que desconstruir a ideia da mulher negra sempre agindo em prol dos outros, e sucumbindo as suas próprias vontades. Algumas de nós tem acessos restritos, ou inexistentes a leituras acadêmicas aqui citadas, o que não implica em não entender a própria solidão e buscar respostas para isso.

Não, não acho que estamos falando demais sobre isto tudo. Bell diz que é um assunto pouco debatido em 2006, e hoje em 2015 nós negras estamos falando e expondo a ferida sem vergonha e sem nos culpar, afinal o problema não é com nós e nunca foi. Estamos quebrando algumas barreiras.

Por isso, mulheres brancas que se incomodam com o termo, apenas lamento, é necessário ampliar a ideia de sororidade e interseccionalidade. Falta sim leitura de vocês e empatia. Se coloquem no papel de mulheres privilegiadas, que isso que são no quesito racial e apenas reflitam suas escolhas afetivas. Estou realmente cansada de ler mulheres brancas se sentindo vítimas por “só namorarem com negros”, nos tratando como “negras raivosas que odeiam miscigenação”. Minha estafa só aumenta, quando vocês estão em relacionamentos interraciais, e ficam agindo como se toda mulher negra fosse um “perigo” a ele.

Aos homens brancos que acreditam poder questionar o uso da palavra “palmitagem”, apenas busquem entender o que é lugar de fala. Isso não é sobre vocês, não achem que queremos saber o que vocês pensam.

Pessoas brancas e geral, usar o termo “palmitagem” não é uma evidencia de uma atitude extremista de mulheres negras que são racistas reversas, afinal o racismo contra brancos não existe, para haver isso seria necessário inverter as lógicas estruturais de poder.

Aos homens negros, nós mulheres negras não estamos desesperadas por relacionamentos, e também não existe só a possibilidade de se relacionar com um homem negro cis hétero para uma mulher negra. Mas estamos sim cansadas da repetição de alguns padrões pelos que dizem orgulhosos da própria negritude. A incoerência de alguns é realmente fruto da pouca abertura para discussão ampla sobre gênero e raça.

“Relacionar-se com uma mulher como eu implica em desconstruir tudo que a sociedade ensinou que é ser homem, mas ainda pouco se debate sobre que é construção social de gênero e poder — e a forma como esta construção afeta todos nós.”

Para mulheres negras, eu realmente quero que nós todas tenhamos sempre em nossas cabeças que somos dignas de viver o amor, seja ele com quem for que nos faça feliz, mesmo que isso seja a escolha por nós mesmas.

É um outro ato revolucionário a mulher negra que se ama e pensa em si acima de tudo. Mais revolucionário que isso apenas mais de uma mulher negra se amando e apoiando. O amor que cura é o amor que nós podemos ter uma para com a outra.

“Quando nós, mulheres negras, experimentamos a força transformadora do amor em nossas vidas, assumimos atitudes capazes de alterar completamente as estruturas sociais existentes. Assim poderemos acumular forças para enfrentar o genocídio que mata diariamente tantos homens, mulheres e crianças negras. Quando conhecemos o amor, quando amamos, é possível enxergar o passado com outros olhos; é possível transformar o presente e sonhar o futuro. Esse é o poder do amor. O amor cura.” – Bell Hooks em Vivendo de Amor.

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