A ex-operária concorre à presidência da República com chapa negra, operária e nordestina. Para ela, o socialismo é uma necessidade
Texto / Aline Bernardes
Imagem / Reprodução
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Vera Lúcia Salgado (50), candidata à presidência pelo PSTU, conta ao Alma Preta que o seu primeiro contato com a política foi na fábrica de calçados que trabalhava quando eclodiu uma greve.
Desde a participação da comissão de negociação daquele caso, seguiu na luta sindical e filiou-se ao PT no final da década de 1980. Quando começou a entender o Partido dos Trabalhadores adaptando-se às instituições do Estado, juntou-se a outros militantes para ajudar na fundação do PSTU.
Das fábricas ao Executivo
A candidata conta que a decisão de concorrer à Presidência foi coletiva. “Meu nome e do companheiro Hertz foram escolhidos para expressar o programa que o partido está apresentando nestas eleições”, diz Vera.
Para ela, mudar o cenário atual só seria possível com uma rebelião operária e popular. “É um chamado à classe trabalhadora do campo e da cidade a se organizar por baixo para derrubar os de cima”, enfatiza.
O PSTU optou por uma chapa negra, operária e nordestina, o que faz jus, segundo Vera, a sua fundação. “Um partido formado por homens e mulheres da classe trabalhadora, do campo e da cidade, negros e negras, LGBTs, indígenas e quilombolas”, diz.
A intenção era de construir um partido revolucionário no mesmo momento em que o PT crescia como um grande partido dentro do movimento da classe trabalhadora. O que exigiu esforço e paciência.
“Mas valeu a pena.”, ela diz. “Hoje estamos aqui mantendo erguida as bandeiras em defesa da nossa classe, seguimos firmes e fortes. Não dependemos de dinheiro de empresas e empreiteiras, não estamos envolvidos em escândalos de corrupção, não temos nenhum militante nosso preso por roubar dinheiro público”, finalizou.
Rebeldia
Vera enfatiza a importância do fim do sistema capitalista e implantação do socialismo. “Nos dedicamos todos os dias a lutar por uma sociedade mais justa e igualitária, uma sociedade socialista. O socialismo não é um sonho ou uma utopia, é uma necessidade”, diz.
Para ela o capitalismo precisa ser superado e os protagonistas seriam os trabalhadores, porque são quem produz toda a riqueza. Ela acredita não ser justo uma sociedade onde ainda se morre por fome, mesmo tendo uma produção de alimentos com capacidade de alimentar a humanidade inteira.
Questão racial e a representatividade
Ao ser perguntada sobre a representatividade negra nos poderes, Vera Lúcia faz uma ressalva de que representatividade por representatividade não basta.
“Não adianta ter vários candidatos negros se for para seguir defendendo as ideias da casa grande. A nossa tarefa é organizar a senzala, chamar o povo negro, pobre e trabalhador a erguer quilombos para lutarmos em defesa de nossas vidas, contra todos os ataques que sofremos diariamente”, conclui.