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Yuli: uma vida de descobrimentos

21 de dezembro de 2018

 Lourival Aguiar, pesquisador sobre Cuba e Relações Raciais no Caribe e pai do Akins escreveu para o Alma Preta sobre o filme cubano Yuli, lançado em 2018

Texto / Lourival Aguiar
Imagem / Denise Guerra

“A solidão é algo que vai me acompanhar por toda a minha vida”

Esta frase marca a trajetória de Carlos Acosta, primeiro bailarino negro de Cuba e primeiro negro a lograr alguns dos lugares mais altos do mundo do ballet. Este filme, uma produção de Cuba em parceria com Grã-Bretanha, França e Alemanha, marcou na sexta-feira dia 7 de Dezembro, a abertura oficial do 40° Festival de Cinema Latino-americano.

Realizado anualmente em Havana, esse que é um dos maiores festivais de cinema do mundo leva mais de 50 mil pessoas às salas de cinema da cidade durante seus 10 dias de duração. O evento chama a atenção de diversos aficionados por cinema e turistas que programam suas viagens ao país visando também contemplar o festival.

O filme Yuli conta a história de como um menino pobre do interior de Havana, filho de um caminhoneiro negro e de uma dona de casa branca, se tornou o maior bailarino do país, feito que o levou a ser o primeiro a montar uma companhia de ballet em Cuba. Seu talento natural para a dança chama tanto a atenção quanto sua teimosia e aptidão para fugir das aulas. Carlos (ou Yuli, como seu pai Pedro lhe chamava por ser o nome de um nobre guerreiro indígena), é filho de Ogum e de descendentes de escravizados fugitivos da fazendo dos Acosta.

Sua trajetória é marcada pela relação tumultuada com seu pai, que desejava que o menino fosse bailarino, pelo racismo sofrido pela família de sua mãe, pelos amigos que não o aceitavam como bailarino e por desde cedo ter que viver longe da mãe e das irmãs que tanto amava. Tudo isso dentro do contexto de uma Cuba dos anos 80, na qual a pobreza se espalhava com a queda do bloco soviético.

Este é um filme sobre família, sobre parternidade, sobre as dificuldades vividas em Cuba e o sonho de muitos cubanos de sair do país, sobre o racismo com os “negros da casa”, mas principalmente é um filme sobre a busca de um menino por si mesmo, que a todo momento é questionado sobre quem ele é.

Com uma direção muito competente, que optou por um elenco de cubanos da mesma região na qual nasceu Yuli, o filme transita entre as aventuras da infância do jovem Carlos (interpretado pelo carismático e talentoso ator Edison Manuel Olvera), do inicio de sua vida adulta, quando é uma estrela em ascensão (interpretada pelo ator Kevyn Martínez) e tem que viver longe de casa e do já adulto Carlos Acosta (interpretado pelo próprio), que se vê revirando memórias para montar uma peça de ballet através de sua companhia em Cuba, para contar a história de sua vida.

Este filme é uma pérola para os amantes da 7° arte, por ser um filme sensível, envolvente e apaixonante.

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