Zap Zap das Domésticas propõe soluções para o enfrentamento dos problemas imediatos causados pela crise sanitária e também de questões sociais agravadas no período
Texto: Flávia Ribeiro | Edição: Nataly Simões | Imagem: Agência Brasil
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Criado em 2018 pela Observatória de Direitos e Cidadania da Mulher, o projeto Zap Zap das Domésticas foi reativado em 2020 em função da pandemia da Covid-19. O objetivo é propor soluções para o enfrentamento dos problemas imediatos causados pela crise sanitária e também de questões sociais agravadas no período.
Na primeira temporada do Zap Zap, houve a disseminação de informações produzidas a partir do Guia de Direitos das Trabalhadoras Domésticas. A reativação foi feita por meio da parceria com a Purpose, agência que apoia organizações, ativistas e entidades filantrópicas. “O Zapzap é um projeto constante, mas com intervalos porque exige um tempo de preparação e produção das informações”, comenta Mariana Fidelis, uma das fundadoras da Observatória.
Na segunda temporada temporada, focada na Região Metropolitana de São Paulo, há cerca de 400 pessoas cadastradas dentre empregadas domésticas, diaristas, babás, cuidadoras e caseiras. As informações produzidas abrangem não só direitos trabalhistas. Há conteúdos sobre saneamento básico, mobilidade, segurança alimentar e outros direitos ligados à rotina das trabalhadoras. Já foi abordado, por exemplo, um material sobre o caso do menino Miguel Otávio, que morreu após ser abandonado pela patroa da mãe, no Recife, tratando da conexão entre o ocorrido, o racismo estrutural da sociedade brasileiro e como isso tem ficado mais evidente durante a crise da Covid-19.
“A pandemia escancarou as desigualdades sociais e raciais e colocou essas trabalhadoras em uma situação de grande vulnerabilidade. Embora não fosse recente a vontade de retomar o projeto, percebemos que, neste momento, as questões que já abordávamos inicialmente, como direitos trabalhistas, poderiam ser conectadas com outros problemas estruturais enfrentadas pelas domésticas e pelas populações periféricas”, afirma Mariana.
A Observatória é um coletivo de mulheres de São Paulo, que acompanha o debate de gênero e luta pela efetivação dos direitos das mulheres na América Latina e no mundo.
Segundo dados do Instituto Locomotiva, nos dois primeiros meses da pandemia no Brasil, 39% das famílias dispensaram diaristas e não mantiveram o pagamento dessas trabalhadoras. Além delas, há o contingente de mulheres que seguiu trabalhando normalmente, viajando longas distâncias e enfrentando as lotações do transporte público, que não cessaram durante a crise de saúde.
Para conhecer mais sobre o ZapZap das Domésticas, acesse aqui o site do projeto.