A cientista social Amanda Amparo relata neste artigo uma situação traumática que vivenciou dentro de um relacionamento afrocentrado
Texto: Amanda Amparo | Imagem: Ilustração de Amanda Favali
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
Ter forças para falar deste tema abertamente só me é possível por eu perceber que apesar de neste momento me sentir em um estado de dor, angústia, ansiedade e tantos outros sintomas, entendo este como um processo de sofrimento social onde mulheres, em especial mulheres negras, comungam constantemente. O que ficou evidente com meu processo atual e na troca com inúmeras mulheres é que a dor tem sempre uma estética. No caso das mulheres em tais situações se trata da estética do silêncio.
Hoje aprender a administrar mais um trauma passa a ser a minha principal tarefa na vida. Não! Todas as outras não se reduziram. Sou mãe e negra. Preciso trabalhar, estudar, cuidar da casa e de todas as outras questões que perpassam pela minha vida e não são poucas.
Mas o quê fazer se a cada três horas me sinto como se não fosse conseguir respirar? O coração dispara, sinto um imenso formigamento na região do rosto, uma angústia que seca a garganta e tenho medo e crises de choro repentinas. Nem sei exatamente do quê, mas sinto muito medo. Sim, sou eu e as minhas circunstâncias, uma série de acúmulos, afinal sou uma mulher negra, mãe, nordestina e pobre. Diante deste cenário é difícil não ter acúmulos e talvez por isso a irresponsabilidade de quem te causa o próximo trauma é algo indescritivelmente cruel.
Eu o conheci um ano atrás na região onde moramos em São Paulo. Ele é um homem negro, com ensino superior e se diz engajado nas lutas sociais do campo progressista. Nosso relacionamento se configurou enquanto uma relação heteronormativa, o que foi muitas vezes dialogado entre nós. Após constatação de inúmeras formas de relacionamento para além desta, optamos por uma demanda vinda mais do lado dele do que do meu, a escolha por uma relação monogâmica. Nesse formato tínhamos uma convivência que envolvia troca entre as famílias, amigos, rotinas, programação de ano novo, natal e inclusive o aluguel de um apartamento, ainda que não fosse neste primeiro momento para morar todo o tempo juntos, mas organizando a vida para.
No final do ano passado em meio a muita tribulação de trabalho, o meu companheiro/namorado sai em uma jornada de viagens profissionais. Segundo ele, seria coisa de 15 dias para visitar alguns clientes em três estados. De repente, aqueles dias se configuraram com muito distanciamento, o que não era natural na nossa relação. Sempre acreditei em sexto sentido e nesse caso o aviso tinha a ver com as práticas da relação que ali estavam mudando.
Conversamos poucas vezes enquanto ele viajava e era bem estranho, pois sempre nos falávamos muito. Eu perguntei o que estava acontecendo, cheguei a questionar se ele estava com alguém na viagem. As respostas variaram entre: “não, nada”, “está tudo bem”, “é só o cansaço do trabalho mesmo”, “estou com muita demanda”, “mal estou conseguindo dormir de tanto trabalhar!”.
Chegada a hora da volta, nos encontramos e supostamente estava tudo bem. Abraço, beijo, saudades. A verdade é que eu não estava bem e eu sabia que havia algo errado e que ele não havia compartilhado. Na primeira manhã juntos, ele usa o computador que estava na sala da minha casa para fazer uma reunião online e aproveita para acessar a minha conta do WhatsApp. Leu todas as minhas conversas, logo ele que nunca me deixou chegar nem perto do seu celular.
Ao voltar para o quarto, após a invasão, ele me questiona várias coisas e cita alguns amigos, perguntando que tipo de relação eu tinha com eles, o que havia acontecido aqui em casa enquanto ele trabalhava e o motivo de eu não ter esperado ele voltar para receber meus amigos. Enfim, uma lógica de questionamentos que mostrava de forma óbvia o mecanismo perverso de quem procura culpabilizar ou atacar uma pessoa por algo que ele mesmo fez.
O comportamento de projeção das atitudes dele em mim foi apenas uma faceta da sequência de mentiras que tive que administrar posteriormente, além do fato de procurar elementos para amenizar sua ausência invadindo o meu celular para inventar algo que ele não viu ou não existiu.
A questão era: não se tratava da distância física, nossa relação já se dava com alguma distância, pois ele passava a semana trabalhando fora de São Paulo.
Bom, no dia seguinte, eu tinha a prova que precisava. Uma mensagem no meu celular que não havia sido respondida estava aberta quando acessei o aparelho. Não restava nenhuma dúvida: ele abriu o meu celular. Diante disso, eu utilizei esse elemento para força-lo a interagir comigo no campo da verdade sem, contudo, dar a oportunidade de ele mesmo me contar. Porém, ele optou por um processo longo e extremamente desgastante de negação tanto sobre o elemento estranho da nossa relação quanto à invasão do meu celular.
Só me restou apresentar as provas de que ele havia entrado no meu celular e exigir a verdade sobre o que tinha acontecido durante a viagem para tanto distanciamento entre nós. Ele confessou uma traição, disse que estava conversando com uma menina pela internet e havia passado o final de semana com ela no Rio de Janeiro.
Eu perguntei se a menina sabia da minha existência e ele respondeu que não. Entendi ali a estratégia que ele utilizou comigo em não assumir o relacionamento nas redes sociais. Problematizei isso imensamente e entendi que a menina precisava saber da minha existência, independente do que fosse acontecer no nosso relacionamento a partir dali e mesmo que a menina tivesse sido só um “lance”, como ele tanto afirmava.
Eu quis conhecê-la. Ele abriu o Facebook e me mostrou um perfil. Uma menina negra como eu e aparentava ser militante. Pedi que ele mandasse uma mensagem para ela explicando tudo o que aconteceu, pois eu compreendo que, como mulheres negras, somos apagadas sistematicamente e por isso tínhamos o direito de saber o que estava acontecendo. Ele concordou em mandar uma mensagem, até porque eu falei que se ele não mandasse, eu mandaria. Então, formulamos um pequeno texto e mandamos para a menina.
No texto, ele contava para ela que tinha uma namorada e que eu havia descoberto o “lance”, por isso ele teve de confessar. Ele também disse que eu estava presente enquanto ele escrevia a mensagem e que eu era mulher preta e da militância, portanto, eu entendia que ela deveria saber sobre mim. Eu o questionei sobre a resposta, a esta mensagem, mas ele falou que a menina não havia respondido, talvez porque o que houve entre eles não se tratou de nada sério.
Depois disso foi um longo processo, mas eu insisti muito em alguns pontos. Primeiro em tentar entender a razão da traição, se havia um motivo, o porquê de ele querer continuar na nossa relação e a possibilidade de abrirmos o relacionamento, uma vez que havia percebido que ele não era monogâmico. Ele justificou tudo como se tivesse cometido um simples erro. Respondeu assumindo a responsabilidade, se dizendo extremamente apaixonado e que era contra partirmos para uma relação aberta. Para ele, isso iria interferir nos nossos planos de ficarmos juntos e de dar passos na relação. Enfim, esta não era uma demanda minha. Eu estava bem no relacionamento fechado e como eu topei continuar seguimos em frente.
A relação ficou uma merda e era muito difícil superar o que tinha acontecido, mas eu continuei tentando. Cumprimos os rituais do final do ano, viajamos e passamos o natal e o ano novo juntos. Não tinha como ser como era antes, mas eu estava comprometida em tentar como tínhamos combinado. Voltando a rotina de trabalho, ele me fala que tem uma viagem para o Rio de Janeiro e obviamente me causou uma imensa insegurança, até porque os únicos finais de semana que ele se comprometeu com o trabalho, no decorrer de todo o ano, foi o que tinha me traído.
Passei por isso em meio a várias crises da vida, como questões com o meu filho adolescente, a morte do meu cachorro que estava comigo há mais de dez anos, dificuldades no trabalho, entre outras coisas. Eu me propus de ir com ele na viagem, afinal eu amava o Rio de Janeiro e queria muito visitar o meu primo, então o cenário era perfeito. Ele se negou sistematicamente, falou que não tinha como, que eu iria atrapalhá-lo, enfim, inventou várias desculpas que não colavam, afinal a reunião dele era na segunda-feira e ele tinha comprado a passagem para sexta-feira, teria dois dias lá sem fazer nada. Logo ele que reiterava o tempo todo que odiava o Rio de Janeiro e eu amava.
Bom, evidenciei o fato que ele estava me enrolando com argumentos sem sentido, que eu precisava da verdade pois por pior que ela fosse aquele era o único caminho a ser percorrido. Ele não teve como se justificar e optou por continuar me enganando. Neste momento, eu entendi que era melhor terminar o relacionamento. Ainda tendo terminado, aquela era a minha história e eu tinha o direito à verdade.
No dia seguinte, mandei uma mensagem via Facebook para a menina que ele disse que tinha me traído, pois eu me sentia incompleta com a afirmação dele sobre a não resposta dela e para minha surpresa ele havia inventado que seria esta menina, para proteger a identidade da verdadeira. Foi inacreditável, pois além de ele ter comprometido uma outra pessoa desta maneira ainda tinha o fato de ele, mesmo naquele momento crítico da nossa relação, continuar mentindo e me manipulando. Conversamos longamente e ela me contou que respondeu a ele imediatamente confrontando aquela suposta relação. De acordo com ela, eles nunca tiveram nada e só tinham se falado algumas vezes, afinal ela era do Mato Grosso do Sul. Nós duas ficamos chocadas com a situação. Para completar, ele disse para ela que eu havia entrado no Facebook dele e enviado aquela mensagem para 40 pessoas. Generosamente, ela me encaminhou os prints da conversa que confirmavam o que ele havia dito.
Meu desespero e choque foram tão grandes que eu não sabia o que fazer. Passei um dia de crise e desespero: “Meu Deus, quem era a pessoa que eu tinha alugado um apartamento junto e estava fazendo planos?”, pensei. Na verdade, eu comecei a sentir medo dele, pois a sequência de mentiras me deixou em uma situação de total vulnerabilidade. Não me restou outra opção a não ser procurar entender a história por completo, até para me defender da pessoa com quem eu me relacionei.
No dia seguinte, marcamos um encontro e fui para o local combinado sem saber o que fazer, mas eu precisava fazer alguma coisa. Cheguei tremendo, não conseguia falar e tive uma ideia repentina de pedir o celular dele para fazer uma ligação. De fato fiz a ligação, mas ninguém atendeu. Nessa oportunidade entrei no banheiro e olhei as mensagens na tentativa de achar informações que pudessem dar sentido a história verdadeira.
Nas primeiras mensagens, achei a menina que ele havia me traído. Percebi pela troca de carinhos que não se tratava de um “lance” e sim de um outro relacionamento que ele estava mantendo desde novembro. Liguei para menina e ela me deu um breve relato do que estava acontecendo. Ela contou que eles se conheceram em um aplicativo de relacionamento e falou sobre a ida dele para o Rio de Janeiro em dezembro, da viagem que fizeram juntos, da relação que eles estavam vivendo e que ela não sabia sobre mim, pois ele havia dito que era solteiro.
Foi um verdadeiro terror. Ele já estava esmurrando a porta do banheiro e eu saí de lá com uma angústia tão grande que eu mal sabia o que fazer. O pior foi olhar nos olhos dele e perceber a indiferença com a qual eu estava sendo tratada. A objetificação e a opressão de gênero foram tamanhas que naquele momento eu era certamente menos que uma poeira do pé dele. Na verdade me transformei em um obstáculo, alguém que ele precisava aniquilar, tirar do seu caminho. Ele pegou o celular e eu disse algum palavrão para ele. Sua resposta foi: “Espera para ver”. Meia hora depois a imobiliária me ligou e disse que o locatário tinha retirado seu nome do apartamento e que eu precisava desocupar ou colocar outra pessoa no contrato imediatamente.
Quando eu cheguei em casa, eu continuei a conversa com a menina pelo WhatsApp e a essa altura eles já tinham se falado. Ele disse para ela que em nosso relacionamento estávamos “mais terminados do que juntos”, o que era uma continuação extrema da mentira. Nunca terminamos, mesmo com toda a crise da descoberta da traição. Uma única vez, por aproximadamente seis horas ficamos separados. Foi exatamente entre meia noite e meia de um dia até às sete horas da manhã do outro.
Como comer? Como dormir? Como simplesmente tocar a vida? Como lidar com mais um trauma em um corpo que já carrega seus acúmulos e medos? Com isso, penso no relacionamento afrocentrado, um tema discutido constantemente no movimento negro. Qual deveria ser a responsabilidade dos homens negros que, em uma estrutura patriarcal e branca, decidem se relacionar com mulheres negra? Para além de outras razões também compreendendo sua escolha política.
Pessoas em que a carga social se intensifica a cada categoria que este único corpo vai representar: mulher, negra, mãe, nordestina, pobre e poderíamos ir somando muitas outras, como gordas, deficientes, LGBTIs e por aí vai. Habitar um corpo que carrega tais dimensões é sofrer em um relacionamento afrocentrado ou em um relacionamento inter-racial.
As dores psicológicas que os corpos das mulheres carregam, em especial mulheres negras, se tratam de dores estruturais. É algo além do término de um relacionamento. O machismo é um elemento de aniquilamento da sua possibilidade como pessoa, de construção e interação no mundo. Em quem posso confiar? Como estruturar laços em uma sociedade que me subjuga ao lugar da ignorância? Em um processo que me é negado ter o direito a história, a memória e, fatalmente, a verdade. O que se coloca é a figura da mulher enquanto sujeito de uma não existência equivalente e neste caso do que adianta uma relação afrocentrada?
Se antes existia um pacto fundamental para desqualificar mulheres negras ao papel de namoradas e esposas, em alguma medida atualmente fomos emancipadas a essa condição. Não seria para nos tornarmos pessoas em nossa plenitude e que, entre outras coisas, tenham direito à verdade e a troca equivalente com um companheiro que nos considera como uma igual?
Quando entendemos a necessidade política deste modo de se relacionar é exatamente por comungarmos de um mundo que nos oprime e que não nos garante respeito. Este encontro deveria ser para experimentarmos um outro modo de nos sentir no mundo. Longe da relação inter-racial, teria que ser garantido também o afastamento os padrões de hipocrisia, enganação e objetificação que o mundo branco se propõe.
Ao nos associamos deveríamos negar todos esses padrões para uma nova construção. Nós mulheres negras nos tornarmos um objeto manipulável do homem negro “politizado” e que inclusive se vale da nossa fragilidade social para transitar mais facilmente entre a gente sem qualquer responsabilidade ou compromisso com as lutas do movimento negro, em especial as lutas que as mulheres negras travam contra este modelo de sociedade que não nos atende, pois neste caso nosso corpo se torna um objeto político de violação, agora não mais pelo branco inimigo, mas pelo preto amigo.
Me parece que ao falarmos em um pacto afrocentrado, estamos falando em um modelo comunitário de sociedade. A comunidade enquanto um elemento de fortalecimento de sujeitos que não fazem parte do que já existe e que não se interessa em lutar para existir ali, mas o pacto como forma de existir e resistir em um outro lugar, o que quer dizer em um outro modelo de sociedade, com outras lógicas de relacionamento. Não queremos aqui fazer a representação hipócrita da família branca de comercial de margarina.
Com isso, quando o homem negro corrobora com mais um trauma em sua companheira também negra, com quem ele está pactuando? Coabita aí um acordo patriarcal em que o homem negro se associa diretamente à figura do homem branco, seu principal aniquilador, fazendo assim a manutenção de um sistema social em que mulheres negras são o chão da pirâmide e por isso mesmo também ele pode pisar da forma que achar melhor, traindo completamente qualquer possibilidade de uma nova comunidade e de um novo fazer no mundo.
“Por trás do rosto escuro de cada uma de nós estão mães, avós, irmãs, escravas, mucamas de cama, mesa e banho, testemunhas de uma história de derrotas e fracassos da qual somos todos herdeiros”. (Sueli Carneiro)
Para enfrentar uma sociedade patriarcal e branca é preciso fugir de suas lógicas, seja o gênero feminino, masculino ou qualquer outro: a ninguém ela atende. Para isso e por isso, eu digo que preciso estar em rede. No início do meu relacionamento com o homem que relato neste texto eu tive um aviso sobre como teria sido a postura dele em relacionamentos anteriores com outras mulheres, mas não foi o suficiente para me fazer parar ali. Eu resolvi construir um cenário de confiança a partir da narrativa dele de ser um “novo homem”.
Eu continuo a acreditar que devemos seguir nos nossos relacionamentos, inclusive nos atendo na importância política de estar com outras pessoas negras. Não podemos, no entanto, deixar de quebrar o silêncio, a respeito de discursos hipócritas de mesa de bar que muitos homens, principalmente os negros, vêm construindo por aí. Não vivemos de narrativas, nossas práticas de existência e resistência precisam estar presentes no dia a dia das relações que formamos, por isso é necessário cobrar e o homem negro precisa se emancipar desta condição de imitação de padrões do homem branco que faz a manutenção de uma sociedade patriarcal e só dá a ele o direito perverso de traumatizar sua própria companheira negra.
A nós mulheres, especialmente negras, digo: Vamos continuar seguindo, mas não embebidas pelo o que o amor cego, patriarcal e branco nos oferece. Vamos seguir considerando a soma das experiências que as trocas destas vivências pode nos trazer. Por isso acredito na rede de mulheres que se falam, se ajudam, se encontram de perto ou de longe, com pouca ou muita intimidade ou afinidade.
Volto a dizer que não se trata de parar de nos relacionar e de ter experiências afetivas, mas de nos fortalecer para podermos determinar que tipo de amor e de carinho nós queremos. Fundamentalmente, um que não nos apague e não nos desconsidere. Por isso, a rede é um lugar de apoio, apoio quanto a um processo que não se finda ao fim dos relacionamentos, mas ao processo que carregamos e acumulamos, aos traumas que sofremos socialmente. Eu acredito no fazer político dos nossos corpos.
“Rejeitando a fantasia da submissão amorosa,pode surgir uma mulher preta participante, que não reproduza o comportamento masculino autoritário, já que se encontra no oposto deste, podendo assim assumir uma postura crítica intermediando sua própria história e seus ethos. Levantaria ela a proposta de parcerias nas relações sexuais que, por fim, se distribuiria nas relações sociais mais amplas.” (Beatriz Nascimento)
Finalizo ressaltando a importância da minha rede de apoio que garante, entre outras coisas, que eu esteja escrevendo este texto, fazendo da escrita um refúgio e assim reduzindo as doses nem um pouco homeopáticas dos remédios psiquiátricos.
A minha amiga irmã e comadre Vanessa de Lara, que me carrega nos braços a cada tombo. A minha outra parte de mim, Amanda Gomes, que em todos estes dias tem garantindo algum nível da minha sanidade mental. A amiga Gabriela Costa, que tem se desdobrado para estar o máximo possível ao meu lado, literalmente. Serena Rodrigues, que compartilha também das suas dores me lembrando que dói, mas passa. Gita Govinda, que está sempre com sua porta aberta e eu simplesmente chego. Noemi Correia, que com sua força me inspira a não me resignar.
Minha querida Mãe, companheira que simplesmente me diz: “vai dar certo, filha!” E é o suficiente para eu acreditar. As minhas irmãs e cunhada que nunca deixam de acreditar e em estar ao meu lado e a minha linda sobrinha Camila Amparo, minha amiga e confidente.
A minha orientadora Silvana Nascimento, que de Barcelona quer saber como eu estou. Fátima Maciel, uma amiga e mãe que me acolheu na vida. Priscila Paixão, Patrícia Araújo e Marina Barbosa, que estiveram em outras durezas da vida, e ainda de longe estão comigo agora.
Minhas tias, primas, avó e tantas outras mulheres incríveis que por minha vida passam a todo momento, sem me esquecer de todas as autoras que me garantem na leitura o apoio da rede. Faltariam páginas para eu falar sobre todas elas. Estamos e precisamos intensificar nossa rede. Muito obrigada! Seguimos na luta!
Amanda Gabriela Amparo é cientista social, mestranda do Diversitas em Humanidades, Direitos e outras Legitimidades da Universidade de São Paulo e membro do NAU – Núcleo de Antropologia da USP. Pesquisa relações raciais em áreas como, gênero, violência, cidade, guerra às drogas e urbanidades.