Texto: Pedro Borges / Edição de imagem: Solon Neto
Semana conta com a presença de mães e vitimas da violência policial de outros estados e países; Crimes de Maio são foco da ação
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O movimento Mães de Maio organiza uma série de atividades para denunciar os Crimes de Maio de 2006. Na época, policiais civis e militares mataram em uma semana cerca de 600 pessoas, a sua grande maioria, jovens, negros e moradores de periferia. O tema de toda mobilização é “Justiça, Reparações e Revolução”. A proposta é aproximar mães e vitimas da violência do Estado para a troca de experiências e para o fortalecimento na luta contra o genocídio.
Débora Maria da Silva, fundadora do movimento Mães de Maio, ressalta a importância do diálogo com vítimas de outras regiões do país e partes do mundo. “A bala que atingiu meu filho aqui, atingiu os filhos delas lá. Essa política de extermínio nos outros países e estados é igual. É uma violência contra pobres e negros. A gente vê que as mães dos EUA têm uma estrutura, mas os filhos delas são negros e são vítimas de homens brancos. No Brasil a gente vê as mães sendo vítimas de policiais negros. São pobres matando pobres. É uma guerra não declarada e o inimigo é a periferia, o suspeito é a periferia, a favela, os pobres e os negros”.
Para o dia 11, está programado o acolhimento das pessoas de diferentes estados e países. A intervenção artística com o objetivo de construir no futuro um monumento em memória às chacinas de maio de 2006 acontece no dia 12. O nome dado à atividade é a inauguração da Pedra Fundamental do Memorial dos Crimes de Maio e das Vitimas do Genocídio Democrático.
Mesmo durante o regime político atual, a juventude negra e periférica segue como a principal vítima do Estado, de acordo com Débora. “A gente tem uma democracia que não existe na periferia. O golpe já foi dado faz tempo, quando matam e continuam mantando os nossos filhos, porque cada um que cai, é como se caísse o nosso de novo. Nos 3.650 dias que nós vimos vários filhos caindo, foi porque não conseguimos ter um olhar, um compromisso político por parte das autoridades. Autoridades de esquerda, que diziam que eram de esquerda, não tiveram um olhar de fazer uma varredura sobre o genocídio da juventude”.
No dia 13, ocorre a plenária final até o horário do almoço. Na sequência, começa o protesto pelo centro da cidade de São Paulo com o tema: “Pelos 10 anos dos Crimes de Maio e todas as Vítimas do Genocídio Democrático e contra a Falsa Abolição”.
O dia 13 de maio é marcado na história brasileira como o suposto dia em que foi concedida a liberdade para a população negra.
À noite, um evento cultural será feito na quadra da Gaviões da Fiel com a participação da Pavilhão 9, outra torcida organizada do Corinthians. O tema será a lembrança ao que chama de “Era das Chacinas”.
Débora conta as suas expectativas para o encontro e avisa que a luta continua até que sejam resolvidos todos os crimes. “Vivemos num Estado penal, com a pena de morte decretada e não podemos aceitar isso como mãe. Então as perspectivas são de falar que nós exigimos as investigações, queremos a história que não foi contada para o Brasil e para o mundo. Os Crimes de Maio não passarão. Os fascistas que mataram nossos filhos não passarão”.
Nos dias 14 e 15 de Maio, parte das Mães de Maio se dirige ao Rio de Janeiro para participar das atividades propostas pela Rede Contra a Violência, Fórum das Juventudes e Fórum Social em Manguinhos.
Para mais informações e contato, acesse o site das Mães de Maio: http://www.maesdemaio.com/