PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Ato protesta contra a intolerância religiosa

20 de janeiro de 2017

Texto e Edição de Imagem: Pedro Borges

Organizadores pedem para os manifestantes se vestirem de branco em homenagem aos cultos de matriz africana

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

No dia 21 de janeiro, sábado, o povo de terreiro, ao lado de diversos movimentos sociais, marcha por toda Avenida Paulista contra a intolerância religiosa. A concentração do ato acontece no Vão Livre do MASP e a manifestação ocorre das 15h às 18h.
O protesto começa com diversas apresentações culturais e com uma roda de samba de acolhimento. Depois, os participantes caminham do MASP até a Rua Consolação.

Entre as denúncias feitas pelos manifestantes, está a violência sistemática praticada contra as religiões de matriz africana. Roger Cipó, um dos articuladores do protesto, acredita que o Brasil precisa refletir, assim como o mundo tem feito, sobre a intolerância religiosa, sem esquecer da realidade nacional, marcada pelo racismo. “Enquanto o mundo está pensando nessa intolerância religiosa como o ataque à fé do outro, aqui no Brasil e em especial, no que diz respeito à cultura de matriz africana, a gente tem enfatizado o combate ao racismo religioso”.
Em 2007, o dia 21 de janeiro foi instituído como a data nacional de Combate à Intolerância Religiosa, em memória à Ialorixá Gildásia dos Santos, vítima de um dos casos mais emblemáticos de intolerância religiosa da história brasileira.

O crime começou em outubro de 1999, quando o jornal “Folha Universal” estampou em sua capa uma foto de Mãe Gilda – trajada com roupas de sacerdotisa para ilustrar uma matéria com título: “Macumbeiros charlatões lesam o bolso e a vida dos clientes”. Sua casa foi invadida, seu marido foi agredido verbal e fisicamente, e seu Terreiro foi depredado por evangélicos. A Ialorixá não suportou os ataques e, após enfartar, faleceu em 21 de janeiro de 2000.

Roger recorda que as violências praticadas contra as religiões de matriz africana são históricas no país. “Há pouco tempo atrás, na década de 70, 80, as pessoas de candomblé eram submetidas a exames para comprovar a sua sanidade mental, então era obrigado a passar por um exame psiquiátrico só para saber se o cara era doido ou não só por ele ser, ou se propor a ser de candomblé”.

Ele crítica a posição do Estado brasileiro enquanto legitimador desses ataques contra a comunidade negra e as religiões de matriz africana, na medida em que não garante ponto central da constituição do país, o Estado laico. “A ideia de Estado laico no Brasil é uma ideia fantasiosa. A gente, em nenhum momento da nossa história, viveu um Estado laico. Quando a gente olha para a periferia, para a população preta, a gente também percebe que o Estado democrático de direito é ainda algo distante, porque a todo o momento a gente tem se confrontado com uma série de cerceamentos dos nossos direitos”.

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

Leia Mais

PUBLICIDADE

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano