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Como a linguagem reforça o racismo no Brasil?

5 de maio de 2017

Pesquisadora da Universidade Paris 8, Liz Feré desenvolve pesquisa sobre o racismo no discurso cotidiano de brasileiros. A investigação é feita em parceria com a ex-consulesa da França Alexandra Loras.

Texto / Pedro Borges e Solon Neto
Imagem / Vinicius Martins

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O poder nas sociedades costuma ser associado primeiro as armas e a violência, mas é na linguagem que a humanidade encontra o instrumento necessário para viver em coletividade. É na expressão da língua que foram criados os códigos, os nomes, as formas, os tempos e as conexões da  vivência social. A linguagem detém o poder da definição, no entanto, ela é também uma ferramenta usual para opressão e deslegitimação cultural.

É nesse contexto que a pesquisadora Liz Feré, em parceria com a ex-consulesa da França Alexandra Loras, desenvolve no Brasil o estudo “Racismo e Discriminação”, documento que pretende se utilizar da técnica de análise do discurso para investigar o racismo no cotidiano brasileiro. Orientada pela Universidade Paris 8, o questionário online segue em aberto ao público até o final de julho.

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Liz Feré pretende analisar enunciados cotidianos no Brasil e nas periferias de Paris, diálogos carregados de forte teor racista, por meio do método de análise de expressões do cotidiano: “Como por exemplo a ‘cor do pecado’, para as moças de pele negra, como se fosse um elogio, sendo que isso é uma estigmatização bastante grande, que passa pela linguagem, e que é um discurso tido como elogioso”, afirma a pesquisadora.

As palavras são carregadas de memórias, e em um país como o Brasil, de uma história de racismo e segregação esse papel das ideias se destaca, como nas políticas de democracia racial, que de forma sutil, organizam o mundo dos brasileiros.

Por isso, a pesquisadora se debruçou sobre essa questão. Sua pesquisa busca compreender como a linguagem separa os grupos sociais no Brasil e reforça o racismo, o preconceito e a discriminação. “Eu notei que no Brasil essa discriminação é feita de modo muito mais velado, de uma certa forma. Aqui [na França] é de forma retórica, no Brasil é velada, um tabu, mas que são fortes e determinantes no sofrimento das pessoas”, aponta Liz Feré.

A pesquisa vai ser divulgada em dois artigos científicos, um na Universidade de Cádiz, Espanha, e outro na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Porto Alegre. Para além do meio acadêmico, Liz Feré e Alexandra Loras pretendem formular um livro e o apresentar para estudantes de linguística e comunicação social.

O questionário utilizado pela pesquisa segue aberto, e você pode contribuir respondendo as perguntas clicando AQUI.

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