Nesta quarta-feira (6), lideranças de países da África na 1ª Cúpula Africana do Clima adotaram de forma unânime a chamada Declaração de Nairóbi sobre Crescimento Verde e Soluções de Financiamento Climático. A cúpula teve início na segunda-feira (4) e é organizada pela União Africana (UA) em conjunto com o governo queniano.
O documento assinado no Quênia, após um encontro de três dias, aponta metas e posições conjuntas dos países africanos no enfrentamento da emergência climática, com ênfase no financiamento internacional desse esforço. Atualmente, a União Africana (UA) reconhece a existência de 55 países no continente que abriga cerca de 1,3 bilhão de pessoas.
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A assinatura da declaração aponta agendas que os países signatários devem perseguir nos encontros multilaterais que ainda devem ocorrer neste ano. É o caso da Cúpula do G20, que terá início do sábado (9); da 78ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), a partir do dia 18 deste mês; e principalmente da COP 28, que ocorrerá em Dubai a partir de 30 de novembro e terá na discussão energética um de seus principais gargalos.
Na cerimônia de assinatura da declaração e encerramento da cúpula africana, o presidente queniano, William Samoei Ruto, que liderou o encontro, anunciou que a reunião garantiu bilhões de dólares em investimentos para o desenvolvimento sustentável do continente.
“Durante a cúpula, focada em resultados, diversas partes interessadas, incluindo governos, setor privado, bancos multilaterais e filantropos, comprometeram-se de forma substancial, totalizando notáveis US$ 23 bilhões [R$ 114,4 bilhões] para o crescimento verde, mitigação e adaptação de esforços em toda a África”, disse o mandatário em seu discurso.
Ruto afirmou que a Cúpula Africana do Clima mostra que a “África não é apenas o berço da humanidade, mas certamente é o futuro”. O mandatário queniano declarou ainda que os países africanos demandam um terreno justo no acesso aos investimentos necessários para o continente, que pode se tornar uma “potência verde”.
Continente busca posição comum para enfrentar desigualdade global
Dados publicados pela ONU apontam que os países africanos são afetados de forma desproporcional pelas mudanças climáticas devido à vulnerabilidade social de suas populações. Além disso, durante a cúpula os países apontaram a necessidade de acesso a mais investimentos para garantir um desenvolvimento sustentável no continente.
Nesse sentido, a declaração de Nairóbi enfatiza a necessidade da ampliação do investimento internacional para uma exploração de forma justa dos recursos naturais locais — fundamentais para a ampliação do uso de energias renováveis no planeta — de forma a garantir o desenvolvimento local dos países africanos ao lado dos processos de mitigação da emergência climática. O documento assinado no Quênia servirá como base para uma posição comum da África diante de questões relacionadas ao clima.