Trabalhadores do Metrô, da CPTM e da Sabesp entraram em greve na última terça-feira (3) como forma de protesto aos projetos de privatização dos serviços de transporte, saneamento básico e água no estado de São Paulo. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que existem estudos sobre a possível privatização e criticou os grevistas por impedirem a locomoção das pessoas na capital.
A codeputada estadual pela Bancada Feminista do PSOL, Paula Nunes, acredita que a greve organizada pelos trabalhadores das categorias foi um marco histórico. “Essa é uma greve histórica no estado de São Paulo, porque ela aconteceu de maneira simultânea no Metrô, CPTM, Sabesp, e também dos estudantes da USP, que estão em greve”, afirma.
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Os sindicatos que coordenam a paralisação ofereceram um acordo ao governo estadual que previa a liberação das catracas para garantir a livre circulação das pessoas, mas a proposta foi negada por Tarcísio de Freitas. Tanto o Metrô e a CPTM como a Sabesp encerraram a greve no fim da terça-feira.
A codeputada também nega a versão apresentada por Tarcísio de Freitas e sinaliza para a existência de projetos avançados de privatizar os serviços de transporte e saneamento e água no estado. “O governo do estado afirmou que está fazendo estudos sobre a desestatização, mas o processo está bastante acelerado, linhas da CPTM já foram privadas, já foram publicados editais de leilões de parcela do Metrô, e já foi publicado qual será o modelo de privatização da Sabesp”, diz Paula.
No dia 10 de abril, o governo de São Paulo publicou um decreto que permitia uma parceria com o Banco Mundial para estudar a privatização de serviços no estado.
Opinião da população sobre as privatizações do Metrô, CPTM e Sabesp
A Bancada Feminista, mandato do qual Paula Nunes faz parte, apresentou um Projeto de Plebiscito para que seja feita uma consulta pública com a população paulista a fim de ouvir se os moradores do estado são a favor ou contra as privatizações das empresas públicas.
Militante do movimento negro, Paula avalia que as provatizações têm o poder de impactar de maneira negativa a vida das pessoas pobres e negras. “A experiência em todo o mundo é de que cidades que optaram por privatizar os serviços de água e esgoto já voltaram atrás e estão reestatizando os serviços públicos, como é o caso de 267 cidades em todo planeta. São Paulo está na contramão do mundo”, salienta.
A codeputada rebate a ideia apresentada pelo governador de que os serviços privados são melhores do que os públicos e recorda que na cidade de São Paulo as linhas 8 e 9 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que já são privatizadas, estão há 200 dias com velocidade reduzida e lidam com descarrilamentos frequentes. Para ela, a prioridade de Tarcísio deveria ser investir em serviço público de qualidade.
“O serviço público adequado precisa ter investimento público. O governador de São Paulo quer criar uma ideia de que existe um caos no serviço público, o que não é verdade. O que existe é falta de investimento. O Metrô de São Paulo não é o ideal, apesar de ser um dos melhores do mundo, porque falta investimento. Pouca gente sabe, mas o valor que é pago por tarifa de passageiro pelo governo do estado para a empresa pública Metrô é menor do que o valor que é pago para a administradora da Linha 4 – Amarela. Isso significa que o poder público tem um gasto maior com a linha privatizada”, conta.
A linha 9 da CPTM, administrada pela empresa Via Mobilidade, registra falhas cotidianamente, afetando a vida de milhares de pessoas que vivem em São Paulo e dependem do transporte público. A última pane elétrica ocorreu no dia da greve, na terça-feira, quando os passageiros foram obrigados a deixar os vagões no meio dos trilhos na marginal do Rio Pinheiros. No mesmo dia, o governador Tarcísio de Freitas havia elogiado o serviço prestado pela iniciativa privada.