PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

‘Ó Paí Ó 2’ apresenta afrofuturismo ‘para o Brasil seguir aquilombado’, diz diretora

Em entrevista à Alma Preta, Viviane Ferreira e parte do elenco falaram sobre bastidores do filme que estreia em 23 de novembro
Imagem mostra o ator Lázaro Ramos em primeiro plano como Roque, personagem principal de Ó Paí Ó. E em segundo plano, o restante do elenco.

Foto: Divulgação / Pipoca Moderna

17 de novembro de 2023

Dirigido por Viviane Ferreira, a sequência de Ó Paí Ó, gravada no Centro Histórico de Salvador, apresenta um encontro de gerações marcada pelo uso da tecnologia como forma de resistência.

Na nova trama, que chega aos cinemas em 23 de novembro, os moradores do Pelourinho se unem para recuperar o bar de Neuzão (Tânia Tôko), que sofreu um golpe e, como consequência, recorre ao mercado informal para sobreviver. 

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Em entrevista à Alma Preta Jornalismo, Viviane compartilhou a perspectiva afrofuturista com que os personagens da nova geração encaram os problemas do Pelourinho e falou sobre a importância de se apropriar da tecnologia como forma de resistência.

O conceito do afrofuturismo busca descrever as criações artísticas que, por meio da ficção científica, inventam outros futuros para as populações negras, que buscam construir um novo futuro no qual estejam presentes em sua máxima potência.

“É exatamente esse lugar, você olhar para a nossa resistência e dizer ‘a gente também faz parte desse mundo’. Estamos compartilhando todas as ferramentas que surgem contribuindo para o desenvolvimento e aprimoramento dessas ferramentas”, diz.

A diretora ressalta que esse processo não é novo e vem se desenrolando “há muito tempo”. “Acho que há uma tentativa nossa ali também de aproximar a relação com a tecnologia, com o afrofuturismo, que é a gente entender como as ferramentas tecnológicas e as ações da espiritualidade de matriz africanas, unidas, conseguem desvendar e desmantelar toda aquela falcatrua em volta do Bar de Nelzão e apresenta para o Brasil o afrofuturismo para a gente seguir aquilombado”, diz Ferreira.

Foto: Divulgação

Resistência através da cultura 

Apesar de enaltecer a cultura popular presente na Bahia, o filme levanta a discussão do boicote que acontece não só aos artistas negros, mas também com os afroempreendedores.

“Esse coletivo se juntou exatamente para isso: levar as pessoas a refletirem em que mundo nós estamos vivendo. É isso o que queremos para as nossas crianças? Não. E a nossa arte grita não. Grita não na tela do cinema, no teatro, na televisão e isso é aquilombar”, diz o ator Jorge Washington (Seu Matias), à Alma Preta.

“A gente poderia fazer um filme e dizer que a Bahia é linda, que a Bahia é festa. É também, mas também há mazelas, e que bom que a gente consegue fazer essa arte, sabe? As pessoas vão assistir para se divertir, mas também vão sair de lá se questionando. O que eu estou fazendo? Qual é a minha parte nesse lote? Estamos aqui dizendo ‘não’ mais uma vez com a nossa arte”, acrescenta o ator. 

A atriz Cássia Valle, que interpreta Mãe Raimunda, conta que as filmagens acabaram no período pré-eleitoral, em outubro de 2022, para que o elenco e produção pudessem se organizar para votar. 

“Acabou o filme naquele último dia porque todo mundo queria votar. O filme tem metáforas importantes, como a vontade de sonhar que a gente tem que ter sempre, sim, apesar de saber que o colonialismo está aí para impedir a gente de sonhar”, compartilha. 

“Isso também mostra a importância de saber o que a gente quer, porque é muito orgulho saber que um grupo de teatro preto, em uma cidade preta, que não é tão levinha, não, é muito resistente, porque sabemos muito o que a gente quer e a força que a gente tem”, diz em referência ao Bando de Teatro Olodum, que recentemente completou 33 anos de atuação.

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

  • Mariane Barbosa

    Curiosa por vocação, é movida pela paixão por música, fotografia e diferentes culturas. Já trabalhou com esporte, tecnologia e América Latina, tema em que descobriu o poder da comunicação como ferramenta de defesa dos direitos humanos, princípio que leva em seu jornalismo antirracista e LGBTQIA+.

Leia Mais

PUBLICIDADE

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano