Uma pesquisa conduzida por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em Porto Alegre revelou que a obesidade na população negra pode ser diretamente influenciada pelo racismo. O estudo, publicado em fevereiro na revista acadêmica Public Health Nation, da Cambridge Core, aponta que a discriminação racial está associada a um estresse crônico, que por sua vez desencadeia alterações alimentares.
Realizado no Centro Histórico da capital gaúcha, o estudo ouviu 400 pessoas com idades entre 20 e 70 anos, provenientes de áreas vulneráveis e não vulneráveis. A pesquisa é pioneira no estado em abordar essa temática.
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Raquel Canuto, professora do Programa de Pós-graduação em Alimentação, Nutrição e Saúde da universidade e uma das autoras do artigo, explica que o estudo adotou uma abordagem diferente, questionando diretamente os participantes sobre a cor da pele, ao invés de se basear em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os resultados indicam uma associação entre o racismo e a obesidade abdominal.
Canuto destaca que o racismo pode desencadear alterações neuroendócrinas e hormonais devido ao estresse crônico, o que pode afetar o metabolismo da gordura de forma distinta. O estudo também revelou que as pessoas mais sujeitas à discriminação racial tendem a apresentar obesidade geral e abdominal.
A metodologia da pesquisa consistiu em duas etapas: na primeira, os participantes responderam perguntas sobre seu consumo alimentar ao longo dos anos; na segunda, foram agrupados em diferentes categorias com base nesse consumo, utilizando uma técnica chamada análise de componentes principais.
O estudo baseou-se na Teoria Ecossocial, que explora como fatores externos, como injustiças sociais, podem afetar o corpo humano, contribuindo para problemas de saúde e até morte.
Texto com informações do GHZ Saúde.