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Copa Preta: Os Leões da Teranga e um filme para repetir

20 anos depois da vitória memorável sobre a França e da histórica campanha na Copa de 2002, Senegal tem sonhos ainda maiores

Imagem: Reprodução

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4 de novembro de 2022

A partir desta semana, escreverei sobre as seleções africanas que disputarão a Copa do Mundo de 2022, que começa em exatas duas semanas (18/11), no Catar. Após refletir sobre qual seria o tema de abertura, decidi pela Seleção Senegalesa, ou melhor, dos Leões da Teranga.

Nada mais justo do que começar pela seleção que está no Grupo A da Copa. Além disso, a Seleção Senegalesa está em minha primeira lembrança de uma Copa do Mundo de futebol.

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No horário de Brasília, às 8h30, no dia 31 de maio de 2002, os Leões da Teranga estreavam em Copas contra a então campeã França, em um jogo recheado de particularidades. A primeira ficou por conta da ausência de Zinédine Zidane, que estava lesionado e ainda era dúvida para a sequência da competição. A segunda tem relação com o ex-volante Patrick Vieira, já que o camisa 4 era senegalês de nascimento e jogava pela seleção da nação que havia colonizado seu país-natal e oprimido seu povo, por conta disso era tratado como traidor por parte dos senegaleses.

Na ocasião, eu tinha sete anos e minha irmã havia nascido semanas antes. Eu estava na rua, com alguém da família, fazendo compras para a nova integrante da família, no Centro de Salvador. Como eu estudava à tarde, estive livre para fazer esse passeio naquela manhã de sexta.

Como qualquer criança sem relação com as seleções em questão, meu pensamento girava em torno de um triunfo tranquilo da melhor seleção da época, campeã da Copa de 98 e da Euro de 2000. Ledo engano.

Às 9h, alguém, que acompanhava a partida num radinho, exclamou: “Gol de Senegal!”. Eu cheguei a duvidar por um instante, mas, ao passar por uma loja de eletrodomésticos e eletrônicos, tive minha confirmação ao ver o placar numa TV. Assim como havia sido um ano antes, em 2001, quando Honduras eliminou o Brasil na Copa América, o futebol me mostrava a magia e a beleza do imponderável, do imprevisível.

O gol de Papa Bouba Diop, então atleta do Grasshopper (SUI), foi o único daquela noite, em Seul, capital da Coreia do Sul. O heroi do jogo faleceu em 2020, em decorrência da Doença de Charcot, uma enfermidade degenerativa.

Hoje, 20 anos depois, uma nação muito mais madura futebolisticamente quer repetir o filme daquela estreia e sonha em superar aquela campanha, em que se tornou a segunda seleção africana a alcançar a fase de quartas de final de uma Copa do Mundo FIFA – a primeira havia sido Camarões, em 1990.

Atual campeã da Copa Africana de Nações, Senegal quer ser a primeira seleção africana a chegar numa semifinal e, para isso, conta com o segundo melhor jogador do mundo, segundo a revista France Football, o atacante Sadio Mané. O camisa 17 do Bayern de Munique, da Alemanha, terá a companhia do melhor goleiro do mundo pela FIFA em 2021, Édouard Mendy, e do seguro e experiente zagueiro Kalidou Koulibaly, ambos do Chelsea, da Inglaterra.

A seleção é comandada por Aliou Cissé há sete anos. Ele, que havia sido o único técnico negro entre os 32 na Copa de 2018, era o capitão daquele histórico grupo de 2002.

A estreia será contra a seleção dos Países Baixos, ou Holanda, como se convencionou a chamar no Brasil. Com três vices (1974, 78 e 2010) e voltando após estar ausente em 2018, a Laranja Mecânica pode ser mais uma vítima dos Leões da Teranga.

Ah, antes que eu me esqueça, a Seleção Senegalesa é conhecida como Leões da Teranga, pois o leão é o animal-símbolo do país e teranga é o lema nacional, que significa hospitalidade, na língua wolof.

Leia também: Conheça a seleção do Senegal, os Leões de Teranga

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