Desde terça (1), membros de torcidas organizadas rompem barricadas e bloqueios montados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) em rodovias pelo Brasil. Contestando o resultado do segundo turno das eleições presidenciais, que deram vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), bolsonaristas travam estradas exigindo, entre outras coisas, intervenção militar.
Por conta da 35ª rodada do Brasileirão, milhares de torcedores saíram de suas cidades para apoiar seus clubes em partidas fora de casa, a grande maioria em ônibus. Ao se verem impedidos de seguir seus trajetos, os torcedores se juntaram para desmontar os bloqueios e garantir a passagem, não só de seus ônibus, como de todos os veículos que estavam impossibilitados de seguir viagem. Segundo informações do G1, as barricadas foram responsáveis por interromper a fabricação de vacinas no Instituto Butantan e por cancelar dezenas de vôos.
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O primeiro caso a ganhar notabilidade aconteceu em Minas Gerais, onde membros da Galoucura divulgaram vídeos da ‘Operação Fura-Bloqueio’, em que desmontaram barricadas na manhã desta terça (1). A principal organizada do Atlético Mineiro estava a caminho de São Paulo, onde o Galo, como é conhecido o clube, enfrentaria o São Paulo.
Também na terça, mas à noite, torcedores do Corinthians, muitos deles da Gaviôes da Fiel, desmontaram bloqueios montados em rodovias paulistas. O Corinthians enfrenta o Flamengo nesta quarta (2), no Rio de Janeiro.
Em entrevista exclusiva à Alma Preta Jornalismo, o presidente da Associação Nacional das Torcidas Organizadas (Anatorg), Luiz Cláudio do Espírito Santo, ressaltou a luta dos torcedores pela garantia do direito de ir e vir.
“O futebol brasileiro não parou. As torcidas organizadas, apaixonadas pelos seus clubes, querem continuar acompanhando os jogos pelo Brasil. A minoria quer impor o caos e travar o país. Não podem tirar esse direito de ir e vir do povo. Se as autoridades não cumprem seu papel, as Torcidas irão passar de uma forma ou de outra”.
Claudinho, como é conhecido, também criticou o tratamento das autoridades responsáveis com os manifestantes bolsonaristas.
“Se fossem as torcidas organizadas, que estivessem fazendo esse protesto, já teriam tomado tiros de borrachas, bombas de lacrimogêneo e toda força necessária”, afirma.
O líder da Anatorg conta que as torcidas organizadas vêm se politizando cada vez mais, compreendendo seu papel dentro de seu clube e da sociedade.
“As torcidas entenderam que a politização das entidades é fundamental para avançar no diálogo com várias frentes e autoridades. Nos clubes, as torcidas já tem uma mobilização para se tornarem sociais e participarem mais ativamente da política”, relata.
Luiz Cláudio, que é ex-presidente da Força Jovem do Vasco, principal organizada do clube carioca, também salientou o papel social que cada torcida organizada tem em sua comunidade.
“As torcidas organizadas são um braço da sociedade, com projetos sociais, ações diretas na periferia, sempre buscando estreitar o contato com a sociedade. Além de mostrar que, na realidade, as torcidas organizadas do Brasil, além de fazerem parte da sociedade, estarão sempre disponíveis para ajudar o povo brasileiro”.
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