Em encontro com a secretária-executiva do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), Rita Oliveira, familiares e amigos de Kathlen Romeu — jovem negra vítima de um tiro de fuzil disparado por policiais em 2021 — entregaram carta aberta solicitando medidas protetivas e apoio na apuração do caso.
O documento é assinado em conjunto com a Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (Faferj), Comunidade Black, Lab Jaca e MeuRio.
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A carta alega que os familiares têm sido vitimizados durante os anos em que corre o processo, devido a “exposição de dados, fotos e demais informações daqueles que lutam por justiça”. Ainda de acordo com a manifestação, os agentes acusados pelos crimes de homicídio, omissão de socorro e fraude processual seguem atuando na polícia.
Durante a reunião, o diretor da Faferj, Gabriel Siqueira, ressaltou uma revindicação coletiva da família, amigos e dos movimentos sociais. Eles solicitam que os PMs sejam obrigados a usar câmeras corporais enquanto estiverem em serviço.
Ao MDHC, a família solicita o acompanhamento do caso junto à Justiça do Rio de Janeiro, incluindo o Ministério Público (MP) e Secretarias de Polícia Militar e Civil do Estado do Rio de Janeiro. O pedido também requer atenção especial dos ministérios da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e da Igualdade Racial (MIR) para o andamento processo.
Relembre o caso
O episódio de repercussão nacional ocorreu no Complexo do Lins, zona norte da cidade do Rio de Janeiro. A modelo e designer de interiores de 24 anos estava grávida de 13 semanas quando foi alvejada no peito por um fuzil, enquanto passeava com a avó na rua. Em justificativa, os agentes da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Lins alegaram ter revidado a um ataque durante um patrulhamento de rotina na região.
No final do mesmo ano, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) denunciou cinco policiais militares por alteração da cena do crime e falso testemunho. Dois deles também respondem por homicídio. O laudo da reprodução simulada produzido durante o processo pela Delegacia de Homicídios da Capital (DH) indicou que o tiro partiu da arma de um policial.
Na época, a conclusão da investigação feita pela Polícia Civil estava prevista para o início de 2022. No último sábado (8), o caso completou três anos sem a punição dos envolvidos.