A Polícia Militar do Estado da Bahia atingiu a marca de mil pessoas mortas em ações policiais deflagradas nos últimos dois anos em Salvador e na região metropolitana, de acordo com um levantamento realizado pelo Instituto Fogo Cruzado. O estudo considerou o período de 1º de julho de 2022 a 6 de agosto de 2024.
De acordo com as informações do instituto, a média mensal do intervalo analisado foi de 40 óbitos por mês. A milésima ocorrência aconteceu na última sexta-feira (2), na qual um jovem de 18 anos foi morto a tiros durante uma ação policial, no bairro soteropolitano Mata Escura. Felipe Silva Soares estava a caminho da casa da namorada quando foi atingido.
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O grupo etário mais atingido foram os adultos, contabilizando 974 de todos os registros. Outros 11 adolescentes, três idosos e uma criança foram vítimas das ações policiais no estado. Gabriel Silva da Conceição Júnior tinha dez anos quando foi alvejado por um tiro no rosto enquanto brincava no portão da residência.
Assim como o menino, outras 40 pessoas morreram em suas casas. As chacinas policiais, ocasiões onde três ou mais civis são mortos na mesma ação, contabilizaram 202 óbitos.
Taliane Muniz, coordenadora do Fogo Cruzado na Bahia, explica que a polícia do estado já superou o Rio de Janeiro em letalidade policial. Ela aponta que o método de confronto utilizado no modelo de segurança baiano não é eficaz na proteção da população.
“Nós não estamos nem estaremos mais seguros enquanto essa for a política. O elevado número de mortos em ações policiais é o resultado e, enquanto isso, continuamos reféns do medo e da insegurança. É preciso que a segurança pública seja amparada por evidências. Para isso, precisamos investir em inteligência, transparência e focar na eficiência. Uma política eficiente preserva vidas”, declarou Tailane em nota.
Os três municípios da região metropolitana que mais tiveram óbitos em operações policiais foram Salvador, com 775 mortes, Camaçari, com 54, e Lauro de Freitas, que totalizou 49 óbitos.
Das 13 cidades que compõem a região, apenas quatro obtiveram um total de mortes menor que cinco. São elas, Itaparica (2), Pojuca (2), São Sebastião do Passé (2) e Madre de Deus (1).
