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Mulheres e negros são os mais afetados por despejos no Brasil, aponta levantamento

De acordo com o mapeamento realizado pela Campanha Nacional Despejo Zero, negros totalizaram 66,3% das mais de 1,5 milhão de pessoas atingidas por despejos entre 2022 e 2024
Despejo realizado na cidade do Rio de Janeiro para a construção de obras para as Olimpíadas de 2016.

Foto: Yasuyoshi Chiba/ AFP

14 de agosto de 2024

De acordo com o levantamento da Campanha Nacional Despejo Zero, divulgado nesta quarta-feira (14), mais de 1,5 pessoas foram ameaçadas de despejo ou removidas de suas residências no Brasil entre outubro de 2022 e julho de 2024. Deste montante, pouco mais de 1 milhão é composto por pessoas negras.

A pesquisa “Mapeamento Nacional de Conflitos pela Terra e Moradia” apresentou um aumento de 70% em relação ao início do período analisado, que contabilizou 898.916 brasileiros nestas condições. O documento considerou casos coletivos de remoção forçada de pessoas e de comunidades inteiras, incluindo as ocorrências judicializadas e processos administrativos promovidos pelo poder público.

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De acordo com o estudo, a maioria de pessoas afetadas pelos despejos é composta por pessoas pretas e pardas, com 66,3% do total. Mulheres e pessoas que ganham até dois salários mínimos também se enquadram como maiores atingidos, representando respectivamente 62,6% e 74,5%.

A pesquisa aponta que  267 mil das vítimas são crianças, representando 7,1% do montante. Outros 262 mil são pessoas idosas, cerca de 16,8% dos afetados. 

O ranking de regiões é liderado por São Paulo, com 90.015 famílias ameaçadas de despejo e 9.508 removidas. O estado do Amazonas é o segundo em relação ao número de despejados, com 5.541 mil, e o terceiro colocado considerando os ameaçados, com 31.902 mil famílias.

A Campanha Nacional de Despejo Zero é uma articulação composta por 175 organizações nacionais que lutam pelo direito à moradia na cidade e no campo. O mapeamento foi realizado coletivamente.

Em nota, o coletivo informou que os números apresentados podem ser ainda maiores, uma vez que a pesquisa não considerou a população em situação de rua e pessoas ameaçadas por desastres socioambientais.

“Por ser um trabalho colaborativo, os casos apresentados neste sistema de informação representam apenas uma parcela da realidade. Ou seja, existem diversos outros casos que permanecem invisibilizados. Portanto, os dados aqui apresentados são subestimados”, diz trecho do mapeamento.

  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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