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Mais de 21% das mulheres negras ocupadas não conseguem contribuir para a Previdência

Novo levantamento do Ipea destaca a vulnerabilidade crescente das mulheres negras no Brasil e atualiza dados sobre desigualdades de gênero e raça
O Dia de Tereza D' Benguela e da Mulher Negra Afro-Latina e Caribenha é comemorado no MUHCAB (Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira), no Centro do Rio, com o Festival D’Benguela e afroempreendedoras expondo suas artes. Pesquisa do Ipea revela que mulheres negras enfrentam dificuldades para contribuir com a Previdência.

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

15 de agosto de 2024

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou nesta quinta-feira (15) a nova versão da plataforma Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça. A atualização revela uma queda na proteção previdenciária da população brasileira ocupada entre 16 e 59 anos de idade, especialmente entre as mulheres negras, de 2016 a 2022. Em 2022, 21,2% das mulheres negras ocupadas não tinham condições de contribuir para a Previdência, comparado a apenas 6,8% dos homens brancos na mesma situação.

Os dados mostram um agravamento da situação das mulheres negras nesse período. Em 2016, 19,2% delas estavam desprotegidas pela Previdência, percentual que subiu para 21,2% em 2022. Esse aumento acompanha a tendência de piora geral, com a população ocupada sem capacidade contributiva subindo de 11,1% em 2016 para 13,3% em 2022.

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Além da Previdêncis, o Retrato das Desigualdades aborda outros indicadores relacionados ao mercado de trabalho. Em 2022, apenas 52% das mulheres negras e 54% das mulheres brancas estavam no mercado de trabalho remunerado, enquanto 75% dos homens negros e 74% dos homens brancos estavam empregados. As mulheres, em média, dedicam dez horas a mais por semana a tarefas domésticas e de cuidado não remunerado em comparação aos homens.

A nova versão da plataforma inclui mais de 300 indicadores e 2 mil gráficos produzidos com base nas informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Iniciada em 2004, a plataforma é uma parceria entre o Ipea, a ONU Mulheres e o Ministério das Mulheres. O projeto visa fornecer um conjunto abrangente de informações para fomentar o debate sobre as desigualdades de gênero e raça no Brasil.

Os dados atualizados abrangem de 2016 a 2022 e incluem blocos temáticos como população, famílias, educação, trabalho, renda, pobreza e desigualdade, previdência social e acesso a bens duráveis e tecnologia da informação. No tema trabalho, há subdivisões que abrangem mercado de trabalho, tempo total de trabalho, trabalho doméstico e de cuidados não remunerado e trabalho para consumo próprio e voluntário.


A nova versão da plataforma também inclui uma seção de Estudos e Pesquisas do Ipea, com um acervo de quase 600 publicações sobre gênero e raça no Brasil, oferecendo subsídios para a formulação de políticas públicas mais equitativas e inclusivas. O lançamento da plataforma faz parte das comemorações dos 60 anos do Ipea, celebrados oficialmente em setembro, e ocorre logo após o mês dedicado às mulheres negras, fornecendo subsídios à transversalização das dimensões de gênero e raça nas políticas públicas.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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