PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Angolano cria curso de inglês pioneiro para pessoas surdas no Brasil

Natural de Luanda, capital da Angola, Robson Leandro chegou ao país com o obejetivo de democratizar o ensino da língua inglesa, oferecendo acesso a quem mais precisa

Imagem mostra o professor de inglês e empresário Robson Leandro.

Foto: Foto: Arquivo Pessoal

15 de agosto de 2022

Quando o angolano Robson Leandro veio visitar o Brasil, em 2014, ele nem imaginava que o seu país de paixão seria o palco para transformação da sua vida. Com ideias no papel e um objetivo na cabeça, Robson tinha uma única missão: democratizar o ensino do inglês para quem mais precisa, seja para o aprendizado ou para maiores oportunidades de trabalho e estudo.

De família humilde de oito irmãos e natural de Luanda, capital da Angola, o empresário começou a carreira como professor de inglês autodidata na cidade natal. Mesmo sem diploma de faculdade e ensino médio completo, Robson viu a necessidade de expandir o seu interesse pelo idioma.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Quatro anos após a sua chegada definitiva ao Brasil, em 2016, e depois de passar por duas demissões, o professor de inglês decidiu, em 2020, apostar na “Unmaze“, plataforma que facilita a conexão de professores de inglês autônomos a alunos.

“Unmaze vem de descomplicar. “Maze” vem de labirinto, uma coisa difícil de pôr em prática e o “Un” vêm de oposto de alguma coisa”, explica o CEO da plataforma.

Para além de auxiliar profissionais independentes, o projeto passa por uma nova fase, com a inserção de professores de libras que dão aulas gratuitas para pessoas surdas de baixa renda. Os alunos também têm a opção de pagar o valor integral do curso ou com preços sociais.

O que começou como um projeto piloto com apenas um aluno surdo e uma intérprete de libras e professora em Letras-Inglês, hoje já auxilia mais de dez alunos com bolsa integral e três profissionais especializados no ensino para pessoas surdas. Ao todo, a plataforma conta com 38 professores e mais de 300 alunos.

“Eu queria [ensinar] sempre com isso na cabeça de que todo mundo tem que ter a oportunidade porque eu sei como o inglês muda a vida das pessoas, inclusive pessoas que têm maior dificuldade não só pela cor da pele, mas também por uma deficiência”, reflete Robson.

Método de ensino

Para democratizar o ensino para pessoas com deficiência auditiva, Robson adaptou um método que já utilizava quando iniciou como professor: a associação de imagens com as palavras.

“Se eu falo África, você vai reproduzir a imagem, se eu te falar Cristo Redentor, vai aparecer a imagem na sua cabeça… e é assim que o nosso cérebro funciona. É o uso de imagens para aprendizado e eu comecei a chamar isso de ‘This Way’ (‘Desse jeito’, em tradução livre) porque era a forma como eu ensinava e também mostrava um caminho mais fácil de se aprender inglês”, relata.

Por exemplo, se o objetivo da aula é reproduzir uma frase em inglês, como sofá, os alunos são direcionados a uma imagem do objeto e a palavra é repassada em formato de Libras para os alunos, o que, segundo Robson, é um método muito mais acessível para o aprendizado.

Para ele, o objetivo da plataforma agora é expandir o método para todas as escolas como forma de auxiliar mais pessoas surdas. Segundo o empresário, para os projetos futuros também estão previstos o ensino do idioma para pessoas cegas.

“A gente não quer ser pioneiro para carregar a bandeira de pioneiros, mas queremos que as escolas se conscientizem e abram isso para mais gente porque estamos dispostos a ajudar”, ressalta.

“Eu tenho oito irmãos e na minha casa ninguém fez faculdade. Então, como eu penso educação e acessos? Eu acho que pessoas que lideram movimentos como eu estou tendo a oportunidade de liderar tem que pensar cada vez mais nas dificuldades de acesso que as pessoas têm para que a gente possa construir um futuro melhor. Para mim, a educação dita o futuro das pessoas”, completa.

Para ter acesso à plataforma é preciso clicar no site da Unmaze e selecionar o tipo de plano específico para a demanda do aluno. As aulas são customizadas para cada aluno, que também pode escolher em aprender inglês voltado para determinadas áreas, como Tecnologia, Viagens, Esportes entre outros.

Leia também: UX para Minas Pretas: iniciativa promove diversidade no mercado de tecnologia

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

Leia Mais

PUBLICIDADE

Destaques

AudioVisual

Podcast

papo-preto-logo

Cotidiano