Na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, os candidatos a vereadores disputarão mais uma legislatura no próximo domingo (6). Entre os políticos representantes da comunidade negra fluminense, o vereador e ex-deputado federal Edson Santos (PT) se destaca com um dos mais longevos mandatos no legislativo municipal e busca a reeleição pela sétima vez.
Edson Santos de Souza, 70 anos, é formado em Ciências Políticas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), local onde iniciou sua trajetória política no movimento estudantil. Desde então, o candidato cumpriu dois mandatos como deputado federal, entre 2007 e 2015, e seis legislaturas como vereador do Rio, das quais cinco foram consecutivas.
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Souza também chefiou a Secretaria de Políticas de Promoção de Igualdade Racial (SEPPIR) durante o segundo mandato de Lula (2008-2010).
Em entrevista à Alma Preta, o parlamentar compartilhou as principais articulações de seus mandatos anteriores e quais as estratégias desenhadas para os próximos quatro anos, caso seja reeleito.
Alma Preta: Qual foi a política mais importante que o candidato conseguiu implementar no Rio durante os mandatos anteriores, e por que você a considera a mais importante?
Edson Santos: As discussões que envolvem a aprovação do Plano Diretor para o Rio são sempre discussões importantes e conflitantes. É preciso garantir que os interesses dos trabalhadores e dos mais pobres sejam representados ou corremos o risco de entregar a cidade para os interesses dos mais poderosos. Além disso, minha participação como vice-relator da Lei Orgânica e no desenvolvimento desse plano foi crucial para promover um crescimento sustentável e inclusivo.
Mas meu grande orgulho é ter sido o autor da primeira Lei da Meia-Entrada no Rio de Janeiro, que garante acesso à cultura e ao lazer, especialmente para os jovens. Essa legislação é fundamental para democratizar o acesso e promover a cidadania. Fiquei muito feliz quando vi que o país seguiu o exemplo que começamos aqui no Rio. Hoje, a Lei de Meia-Entrada é uma realidade e uma garantia.
Alma Preta: Quais são as principais propostas do candidato?
Edson Santos: Uma das minhas principais propostas é a implementação da Tarifa Zero no transporte público. Essa medida é vital para garantir que todos tenham acesso à mobilidade, aliviando a carga financeira das famílias e incentivando o uso de transporte público, o que beneficia a cidade como um todo. Além disso, é fundamental melhorar a educação municipal e utilizar os investimentos do Governo Lula de forma estratégica para transformar a vida dos jovens no Rio.
A educação é a verdadeira ferramenta de transformação social; ela capacita nossos jovens, oferecendo-lhes oportunidades e um futuro mais promissor. Investir em educação é garantir que eles possam competir no mercado de trabalho e romper ciclos de desigualdade. Ao priorizar essas áreas, estaremos construindo um caminho sólido para um futuro mais justo e sustentável para todos os cidadãos.
Alma Preta: E em relação à política urbana da cidade, quais os projetos da sua campanha?
Edson Santos: Minhas propostas para a política urbana incluem a revitalização do Centro e a implantação da Tarifa Zero no transporte público. A revitalização do Centro é essencial para reerguer uma área que é o coração da nossa cidade. Pretendemos transformar o Centro em um espaço mais acolhedor, com melhorias na infraestrutura, aumento de áreas verdes e incentivo ao comércio local. Isso não só atrai mais visitantes, mas também gera empregos e promove um ambiente urbano mais vibrante.
Quanto à Tarifa Zero no transporte público, acredito que é uma medida fundamental para garantir a mobilidade de todos os cidadãos. O acesso gratuito ao transporte não apenas alivia a carga financeira das famílias, mas também incentiva o uso de transporte público, contribuindo para a redução do trânsito e da poluição. Um sistema de transporte acessível é um direito e, ao implementá-lo, estaremos investindo em uma cidade mais justa e sustentável.
Alma Preta: Como a vereança pode incidir na luta contra o racismo?
Edson Santos: Acredito que a vereança tem um papel crucial na luta contra o racismo, principalmente por meio da criação e implementação de políticas públicas que promovam a igualdade racial. Precisamos desenvolver programas que incentivem a inclusão de afrodescendentes em todas as esferas, especialmente na educação e no mercado de trabalho.
Além disso, é fundamental promover campanhas de conscientização e educação nas escolas e comunidades, desafiando preconceitos e promovendo o respeito à diversidade. Sou vice-presidente da Comissão de Combate ao Racismo no Rio de Janeiro. […] A vereança se torna um instrumento de transformação social, combatendo ativamente o racismo e promovendo uma cidade mais justa e igualitária.
Alma Preta: As Câmaras brasileiras são amplamente de direita. Como é possível agir nesse ambiente para garantir o avanço de propostas antirracistas?
Edson Santos: Reconheço que o ambiente das Câmaras brasileiras muitas vezes é dominado por uma agenda de direita, mas isso não impede que avancemos com propostas antirracistas. A chave para garantir essas mudanças está na construção de alianças estratégicas e na mobilização da sociedade civil. Primeiramente, precisamos dialogar com todos os vereadores, independentemente de suas orientações políticas, para conscientizá-los sobre a importância da igualdade racial. Muitas vezes, é possível encontrar pontos de convergência em propostas que beneficiem a população como um todo.
Além disso, devemos fortalecer a participação da comunidade, envolvendo organizações de defesa dos direitos humanos e coletivos antirracistas. Essa mobilização é fundamental para pressionar os legisladores e garantir que as vozes da população negra sejam ouvidas.