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A Influência das religiões de matriz africana na cultura brasileira: o que muitos não sabem

Músicas populares, brincadeiras tradicionais e diversas manifestações culturais estão impregnadas de elementos que vieram das tradições afro-brasileiras, ainda que muitos desconheçam essas raízes
A Influência das religiões de matriz africana na cultura brasileira: o que muitos não sabem

Foto: Agência Brasil

12 de outubro de 2024

O Brasil é um país rico em diversidade cultural, mas, muitas vezes, não reconhecemos as origens de muitas das nossas tradições. As religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda, tiveram um papel fundamental na formação cultural brasileira, e é necessário reconhecer e valorizar essa contribuição.

Músicas populares, brincadeiras tradicionais e diversas manifestações culturais estão impregnadas de elementos que vieram das tradições afro-brasileiras, ainda que muitos desconheçam essas raízes.

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Um exemplo claro é o Samba de Roda, um patrimônio cultural do Brasil. Esse ritmo, que hoje faz parte das rodas de samba e das grandes celebrações populares, nasceu nos terreiros e nas comunidades quilombolas. O samba não é apenas um gênero musical; ele é uma expressão da ancestralidade afro-brasileira, carregando em suas melodias e passos a história de resistência e fé dos nossos antepassados. Quando apreciamos o samba, estamos, muitas vezes, nos conectando com elementos espirituais e rituais que remontam às religiões de matriz africana.

Outro ponto que merece destaque é a Capoeira. Essa manifestação cultural e esportiva vai além de uma simples luta ou dança; ela é um ritual de conexão com os orixás, seres espirituais que têm papel central nas religiões afro-brasileiras. A capoeira foi desenvolvida como uma forma de resistência pelos negros escravizados e carrega consigo elementos que transcendem o físico, aproximando corpo e alma em uma celebração espiritual que fortalece a identidade afro-brasileira.

Brincadeiras tradicionais como a Ciranda também têm raízes profundas nas tradições africanas. Quando observamos as rodas de ciranda, com suas canções e movimentos circulares, estamos testemunhando práticas que remontam aos tempos dos quilombos. Ali, crianças e adultos celebravam a vida de forma lúdica, mas também espiritual, utilizando cânticos que trazem o axé e a energia das religiões de matriz africana. O que vemos, muitas vezes, como uma simples brincadeira infantil, carrega em si elementos de resistência e preservação cultural.

Brincadeiras tradicionais como a Ciranda também têm raízes profundas nas tradições africanas.
Foto: Reprodução/MST

Infelizmente, essa riqueza cultural é muitas vezes esquecida ou ignorada. Isso se deve, em grande parte, ao preconceito e ao desconhecimento que ainda cercam as religiões de matriz africana no Brasil. Por não serem majoritárias, essas tradições acabam sendo invisibilizadas, e seus elementos culturais são apropriados sem o devido reconhecimento. Quando isso acontece, perdemos a oportunidade de valorizar uma parte essencial da nossa história e de honrar os que lutaram para que essa herança chegasse até nós.

É fundamental que, como sociedade, possamos abrir os olhos para essa realidade e reconhecer a importância das tradições afro-brasileiras na formação cultural do nosso país. Valorizar essas contribuições é também um ato de resistência contra o racismo e a intolerância religiosa, problemas que ainda enfrentamos no Brasil. A educação sobre essas tradições deve começar cedo, nas escolas, para que as novas gerações entendam e respeitem a importância das religiões de matriz africana na construção do nosso patrimônio cultural.

Precisamos entender que a nossa cultura é um reflexo de toda a diversidade que compõe o Brasil. Ao reconhecer a presença e a influência das religiões de matriz africana em nossas músicas, danças e brincadeiras, damos um passo importante na valorização da nossa identidade e da nossa ancestralidade. É um convite a todos para que celebremos essa herança com respeito e reconhecimento, garantindo que ela seja preservada e valorizada pelas futuras gerações.

  • Felipe Ruffino

    Felipe Ruffino é jornalista, pós-graduado em Assessoria de Imprensa e Gestão da Comunicação, possui a agência Ruffino Assessoria e ativista racial, onde aborda pautas relacionada à comunidade negra em suas redes sociais @ruffinoficial.

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