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Aumento de mais de 80% nas mortes de negros no governo Tarcísio expõe falhas no combate ao racismo estrutural

Na imagem há um policial armado observando a rua e duas viaturas da PMSP.

Foto: Reprodução / SSP

27 de outubro de 2024

Desde o início do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), as mortes de negros em ações policiais no estado de São Paulo aumentaram mais de 80%. Segundo dados divulgados pelo UOL, em levantamento realizado pelo Instituto Sou da Paz com base nas informações da Secretaria de Segurança Pública do estado, a violência policial segue atingindo de forma desproporcional a população negra, o que escancara a persistência do racismo estrutural no Brasil.

A questão racial no Brasil é intrinsecamente ligada à segurança pública. A história de repressão aos corpos negros, herdada do período escravocrata, se reflete na criminalização dessa população, que hoje representa a maioria das vítimas da violência estatal. A estratégia de combate ao crime promovida pela gestão Tarcísio, especialmente em operações como a “Operação Escudo”, reflete uma política que trata as áreas periféricas — majoritariamente habitadas por negros — como zonas de guerra. Embora seja justificada como uma resposta ao aumento da violência, essa abordagem revela uma tendência de uso desproporcional da força.

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O aumento dessas mortes não pode ser visto isoladamente, pois está ligado a uma estrutura social que marginaliza o povo negro desde os tempos coloniais. Operações que promovem o confronto direto em vez de políticas de prevenção contribuem para perpetuar um ciclo de violência e opressão, onde o Estado, ao invés de proteger, é o agente da morte.

O alarmante crescimento dessas estatísticas reforça a necessidade de se discutir o racismo estrutural que legitima e naturaliza a violência contra os negros. O estado de São Paulo tem a maior força policial do país, e, paradoxalmente, uma das mais letais, especialmente para os jovens negros. A gestão pública, portanto, precisa urgentemente rever suas políticas de segurança e adotar medidas que combatam a discriminação racial, evitando que a cor da pele continue sendo uma sentença de morte.

Este aumento, embora trágico, deveria ser um alerta. O Brasil não pode mais fechar os olhos para as consequências de suas práticas policiais racistas. Para romper com essa realidade, é preciso, acima de tudo, promover uma mudança estrutural, onde as vidas negras não sejam apenas números em estatísticas de violência, mas sejam valorizadas e protegidas pelo Estado.

  • Felipe Ruffino

    Felipe Ruffino é jornalista, pós-graduado em Assessoria de Imprensa e Gestão da Comunicação, possui a agência Ruffino Assessoria e ativista racial, onde aborda pautas relacionada à comunidade negra em suas redes sociais @ruffinoficial.

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