Desde 1995, apenas cinco jogadores negros ganharam o prestigiado prêmio Bola de Ouro, oferecido anualmente pela revista francesa France Football. Esse número tem sido motivo de discussões, especialmente após a derrota do atacante brasileiro Vini Jr. na edição de 2024, que marcou o 19º ano sem um atleta negro receber o prêmio. O levantamento foi realizado pelo veículo UOL.
O último a vencer foi Ronaldinho Gaúcho, em 2005. A expectativa de que Vini Jr., do Real Madrid, pudesse quebrar esse jejum acabou frustrada, com o prêmio indo para o meio-campista espanhol Rodri, do Manchester City.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
Desde que se tornou um nome central na luta antirracista dentro e fora dos gramados, Vini Jr. tem denunciado episódios de racismo que enfrenta, especialmente em estádios europeus. No ano anterior, o atacante recebeu o Prêmio Sócrates, também concedido pela France Football, em reconhecimento a seu engajamento em causas sociais e no combate ao racismo. O troféu homenageia jogadores que se destacam em ações de solidariedade e iniciativas de impacto social.
O histórico de vencedores negros da Bola de Ouro reflete a desigualdade enfrentada por esses jogadores na premiação. Desde que o prêmio passou a permitir indicações de atletas não europeus, há 29 anos, apenas cinco jogadores negros venceram: George Weah, da Libéria, que se tornou o primeiro vencedor negro em 1995; Ronaldo Fenômeno, vencedor em 1997 e 2002; Rivaldo, em 1999; e Ronaldinho Gaúcho, em 2005. Antes disso, apenas dois atletas negros haviam vencido: Eusébio, de Portugal, e Gullit, da Holanda.
Na noite da premiação de 2024, ao ser anunciado como vice, Vini Jr. compartilhou em suas redes sociais uma mensagem onde reiterou seu compromisso com a luta contra o racismo, sugerindo que seu ativismo pode ter influenciado o resultado. “Farei isso dez vezes se for preciso. Eles não estão prontos“, escreveu em uma publicação na plataforma X (ex-Twitter), depois que o Real Madrid cancelou sua participação no evento em Paris em apoio ao jogador.
A ministra Anielle Franco, da Igualdade Racial, também se pronunciou sobre a derrota de Vini Jr., destacando seu papel como um ícone de resistência para a juventude negra. “Nosso melhor do mundo dentro e fora do campo. Quem joga com alegria, dribla as adversidades, enfrenta o racismo e continua fazendo história por onde passa”, escreveu em suas redes sociais. A ministra lembrou ainda que Vini Jr. é um dos principais alvos de ofensas racistas nos estádios europeus, algo que ele tem enfrentado com firmeza.
Texto com informações do UOL.