Uma pesquisa publicada nesta terça-feira (29) pelo Observatório da Branquitude revelou que alunos do 9º ano do ensino fundamental autodeclarados brancos apresentam médias de desempenho superiores em português e matemática em comparação com alunos negros.
A análise foi idealizada para honrar o compromisso do Observatório da Branquitude com a agenda de enfrentamento de desigualdades na educação básica, sobretudo raciais e de gênero.
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Com base em dados do Sistema de Avaliação de Educação Básica (Saeb) de 2023, o estudo também apontou desigualdades de gênero nas disciplinas. O Saeb realiza testes a cada dois anos nas redes pública e privada, para permitir que as instituições de ensino monitorem a qualidade da educação oferecida.
Conforme apontou o estudo, as meninas brancas são o grupo com o melhor desempenho no teste de Língua Portuguesa se comparado às meninas negras, aos meninos brancos e meninos negros estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental. Elas lideram com o maior resultado nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal.
Quanto ao segundo melhor desempenho, abaixo das meninas brancas, nota-se, porém, uma alternância de gênero e de raça nos estados. As meninas negras, obtiveram a segunda maior média, com exceção dos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro, em que os meninos brancos obtiveram uma média maior do que as das meninas negras.
Meninos negros, contudo, atingiram a pior pontuação em todas as regiões, acima apenas da média geral de cada estado. No Distrito Federal, porém, a média de desempenho de meninos negros ficou pouco abaixo da média geral distrital, com 248.8 sobre 250.3, respectivamente.
Meninos brancos assumem a liderança em Matemática
Se as meninas brancas apresentaram o melhor desempenho em Língua Portuguesa em todos os estados, os meninos brancos lideram em quase todo o país quando a matéria aplicada é a Matemática. Eles alcançaram a maior média no Saeb em comparação aos meninos negros, às meninas brancas e negras.
Quanto ao segundo melhor desempenho em Matemática, o estudo também notou uma alternância de raça e também de gênero no critério de Lingua Portuguesa.
Na região Norte, em cinco dos sete estados (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima), meninos negros tiveram a segunda melhor pontuação, seguidos das meninas brancas e meninas negras, nesta ordem. Apenas em Roraima e no Tocantins meninas brancas tiveram o segundo maior desempenho, seguidas de meninos negros e meninas negras.
Já na região Nordeste, meninos negros também estiveram na segunda posição em oito de seus nove estados. À exceção de Alagoas, onde pela primeira e única vez na análise, meninos negros lideraram o ranking com uma pequena diferença para os brancos, de 251.5 sobre 250.2, respectivamente.
As meninas negras, por sua vez, tiveram o desempenho mais baixo na maioria dos estados, ocupando a última posição. No Rio Grande do Sul, contudo, elas atingiram pontuação inferior à média geral do estado, com 243.8 sobre 248 pontos, respectivamente.
“Marcadores de raça/cor e de gênero influenciam a vida dos estudantes, sua trajetória e resultados escolares. E demandam observação e acompanhamento constantes por parte da gestão pública”, concluiu o estudo.