O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) solicitou a condenação integral dos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, réus confessos dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, durante o julgamento no Tribunal do Júri, realizado nesta semana.
Os promotores Fábio Vieira e Eduardo Martins argumentaram que o arrependimento dos acusados é “uma farsa” e criticaram os termos da colaboração premiada aceita por ambos. Vieira qualificou os réus como “sociopatas” e afirmou que ambos “não têm emoção em relação aos outros”.
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Durante a sessão, o promotor Eduardo Martins argumentou que a confissão dos acusados foi motivada pelo interesse em uma redução de pena, em vez de remorso verdadeiro.
“Que arrependimento é esse com algo em troca? Vocês já pediram perdão a alguém e disseram: ‘Quero seu perdão se me der alguma coisa em troca’? Porque foi isso que eles fizeram. Eles são réus colaboradores. Eles não vieram e se arrependeram”, afirmou Martins, que destacou a importância de reconhecer que a colaboração premiada veio somente após provas contundentes apontarem Lessa e Queiroz como responsáveis pelo crime.
Martins também esclareceu que, mesmo com o acordo, os réus ainda terão que cumprir 30 anos de pena, parte em regime fechado. “O Ministério Público fez um acordo, e eles vão cumprir toda a pena máxima da legislação. A única diferença é que terão algumas progressões. Mas é bastante tempo que ficarão no regime fechado; esse é um dos acordos mais rígidos do Brasil”, acrescentou o promotor.
Fábio Vieira, em seguida, reforçou que o suposto arrependimento dos réus se manifestou apenas após serem confrontados com provas. “Eles estão com uma tristeza de terem sido pegos. Ninguém foi lá bater na porta da Delegacia de Homicídios, quando todo mundo queria saber, e disse: ‘Olha só, fui eu, tá? Estou arrependido disso'”, ironizou.
Vieira prosseguiu afirmando que a falta de empatia demonstrada caracteriza um comportamento sociopata: “Eles não têm emoção em relação aos outros, não têm sentimento, não têm valores, não têm empatia”.
Defesa pede redução de pena
Por sua vez, a defesa dos ex-PMs apresentou uma linha argumentativa para redução das penas. O advogado de Lessa, Saulo Carvalho, pediu uma condenação “justa” para o cliente, defendendo que o réu “responda à medida de sua culpabilidade”. Carvalho pediu ao júri que desconsiderasse as qualificadoras que poderiam elevar a pena, incluindo o agravante de emboscada, ao alegar que isso também estaria englobado pela qualificadora de dificuldade de reação das vítimas.
Já a advogada de Queiroz, Ana Paula, argumentou que seu cliente não tinha conhecimento prévio do assassinato e que, por isso, o ato de Queiroz não teria motivação torpe. Segundo ela, Queiroz teria sido convidado por Lessa para um “trabalho”, sem saber que se tratava do assassinato da vereadora.
Texto com informações da CBN.