Um morador do distrito de Anhanguera, na Zona Norte de São Paulo, vive, em média, 24 anos a menos do que alguém que reside em Alto de Pinheiros, bairro rico da Zona Oeste. Essa diferença na expectativa de vida é um dos destaques do Mapa da Desigualdade de 2024, estudo da Rede Nossa São Paulo lançado nesta quarta-feira (27).
De acordo com o levantamento, a expectativa de vida em Anhanguera é de 58 anos, enquanto em Alto de Pinheiros chega a 82 anos. Apesar do aumento geral de seis anos na média de vida dos paulistanos desde 2006, a desigualdade entre distritos ricos e pobres permanece praticamente inalterada há 17 anos.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
A edição de 2024 traz como novidade a análise histórica do indicador Idade Média ao Morrer, destacando a evolução dos dados entre 2006 e 2023. Embora os avanços na saúde tenham beneficiado a população de forma geral, a lacuna entre os extremos socioeconômicos da cidade evidencia a necessidade de políticas públicas mais eficazes para reduzir essas disparidades.
O estudo também mapeou outros dez indicadores distribuídos pelos 96 distritos da capital, com temas como saúde, habitação, trabalho, renda, mobilidade, direitos humanos, cultura, esporte, infraestrutura digital, segurança pública e meio ambiente.
Além da saúde, a desigualdade se reflete na remuneração média mensal dos empregos formais. No distrito de Artur Alvim, na Zona Leste, a média salarial é a menor da cidade, com R$ 2.200,70. Já no distrito de São Domingos, na Zona Norte, a média atinge R$ 8.515,29, quase quatro vezes maior.
O tempo de deslocamento reforça as desigualdades. O estudo aponta que muitos paulistanos levam mais de uma hora para ir de casa ao trabalho, refletindo a precariedade na mobilidade urbana e o impacto da distância nos bairros periféricos.
Produzido há mais de dez anos, o Mapa da Desigualdade é um instrumento para avaliar a oferta de serviços e infraestrutura urbana nos distritos paulistanos, apontando os desafios e as prioridades de investimento do poder público.
A Rede Nossa São Paulo destaca que os dados permitem identificar com clareza as disparidades territoriais e propor ações concretas para garantir mais equidade. “O estudo mostra que, embora a cidade tenha avançado em alguns indicadores gerais, as desigualdades históricas e estruturais permanecem como barreiras significativas para o desenvolvimento humano de grande parte da população”, afirma o relatório.