O Ministério da Saúde divulgou novos dados sobre a tuberculose no Brasil, com destaque na população negra: 65,2% dos casos registrados em 2023 acometeram pessoas pretas e pardas.
Ao todo, foram notificados mais de 84 mil novos casos da doença no país no ano passado, com maior incidência em pacientes do sexo masculino, que representam 68% dos acometidos. Entre 2010 e 2020, o Brasil registrou, em média, 4,5 mil mortes anuais pela enfermidade.
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Os dados apontam ainda um aumento na mortalidade de pessoas negras. Entre 2010 e 2021, o índice de óbitos dessa população subiu 14,5%, o que expõe uma desigualdade que reforça a necessidade de políticas específicas e estratégias de combate à doença em grupos mais vulneráveis.
Impacto desproporcional e fatores de risco
No período de 2023 ao primeiro semestre de 2024, o número de atendimentos ambulatoriais e hospitalares relacionados à tuberculose chegou a 36.456, de acordo com o Departamento de Regulação, Avaliação e Controle de Sistemas (DRAC), vinculado à Secretaria de Atenção Especializada.
A tuberculose afeta principalmente os pulmões, mas pode comprometer outros órgãos em casos de evolução sistêmica, especialmente em pacientes com o vírus HIV e comprometimento imunológico.
A transmissão da tuberculose ocorre por meio de aerossóis liberados pela tosse, fala ou espirro de pessoas com a forma ativa pulmonar ou laríngea da doença, que não estão em tratamento. Os principais sintomas incluem tosse persistente por mais de três semanas, febre vespertina, sudorese noturna, fadiga e perda de peso.
O diagnóstico é realizado por meio de exames bacteriológicos, baciloscopia, teste rápido molecular e cultura para micobactéria, além de radiografias de tórax para casos suspeitos de tuberculose pulmonar.
O tratamento é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e tem duração mínima de seis meses, utilizando uma combinação de medicamentos: rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol. A adesão ao Tratamento Diretamente Observado (TDO), onde um profissional supervisiona a ingestão dos medicamentos, é fundamental para garantir a recuperação do paciente e prevenir a disseminação da doença.
Mesmo com melhora nos sintomas, o paciente deve completar o tratamento conforme orientação médica. Familiares e pessoas próximas ao convívio devem realizar exames preventivos, especialmente crianças, portadores do HIV e indivíduos sob tratamentos imunossupressores.
Prevenção: vacina BCG e cuidados básicos
A vacina BCG, que protege contra as formas graves da doença, como a tuberculose miliar e meníngea, é disponibilizada gratuitamente pelo SUS. Deve ser administrada em recém-nascidos ou, no máximo, até crianças de quatro anos, 11 meses e 29 dias.
Além disso, manter ambientes ventilados e com luz solar, proteger a boca ao tossir e evitar aglomerações são medidas importantes para prevenir a transmissão.
O Ministério da Saúde destacou a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, instituída em 2009, como uma estratégia para combater o racismo institucional no SUS e reduzir as desigualdades étnico-raciais. A política, segundo a pasta, busca promover a equidade na saúde da população negra por meio de ações de prevenção, cuidado, formação de profissionais e combate à discriminação nos serviços de saúde.