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Volkswagen Brasil é processada por trabalho escravo durante a ditadura

Segundo o Ministério Público do Trabalho, a fazenda da empresa restringia a liberdade das vítimas por vigilância armada; os crimes ocorreram simultaneamente ao recebimento de incentivos fiscais do governo
A ação civil pública pede que a Volkswagen Brasil se assuma a utilização de mão de obra escrava e violação de direitos humanos, além de uma indenização coletiva de R$ 165 milhões.

Foto: Maurício Lima / AFP

6 de dezembro de 2024

O Ministério Público do Trabalho (MPT) iniciou uma ação civil pública contra a Volkswagen do Brasil por uso de trabalho escravo em uma propriedade rural durante o período da ditadura, na cidade de Santana do Araguaia (PA). 

Além da responsabilização, o órgão pede o pagamento de R$ 165 milhões em danos morais coletivos.

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Segundo as investigações, os casos aconteceram na Fazenda Vale do Rio Cristalino, também conhecida como Fazenda Volkswagen, entre as décadas de 1970 e 1980.

 A região, de tamanho equivalente à cidade de São Paulo, pertence à Companhia Vale do Rio Cristalino Agropecuária Comércio e Indústria (CVRC), uma subsidiária da empresa. 

As violações cometidas incluem impedimento de restrição de liberdade, vigilância armada, servidão por dívida, alojamento insalubre, alimentação precária, falta de água potável e atendimento médico para malária. 

O processo destaca que, nos anos em que ocorreram os fatos, a Volkswagen se beneficiou de recursos públicos e benefícios fiscais. Os incentivos teriam impulsionado a criação de gado, que posteriormente se tornou um dos maiores polos do setor. Com base nisso, o Ministério Público do Trabalho defende a necessidade de reparação à sociedade brasileira.

Em nota, o MPT afirma que houve cinco audiências prévias com representantes da montadora de veículos, para discutir as possibilidades de reparação pelos crimes e realizar a assinatura de um termo de ajuste de conduta (TAC), mas a sucursal brasileira da montadora teria deixado as negociações por desinteresse no acordo proposto.

“Os documentos e depoimentos obtidos pela instituição comprovaram as gravíssimas violações aos direitos humanos na fazenda naquele período. Foi constatada a submissão dos trabalhadores à condição semelhante à escravidão por meio de jornadas exaustivas, condições degradantes de trabalho e servidão por dívida”, declarou o coordenador das diligências e procurador do Trabalho, Rafael Garcia Rodrigues.

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  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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