Nos últimos cinco anos, cerca de 781 pessoas foram mortas por agentes da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMSP) que estavam fora de serviço. O levantamento, divulgado pelo Brasil de Fato na segunda-feira (9), indica a média de um homicídio a cada 2,8 dias.
A pesquisa considerou dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, referentes ao intervalo de 2018 a 2023. No período observado, os policiais militares de folga em todo o Brasil foram responsáveis por 1.421 mortes. O índice da PMSP corresponde a, aproximadamente, 55% das ocorrências do país.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
O primeiro ano da série se destacou como o mais letal, considerando apenas os policiais fora de serviço. A nível nacional, 320 pessoas foram mortas. As vítimas paulistas representaram cerca de 55,93% deste total, somando 179 óbitos.
Para Rafael Alcadipani, professor e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), os índices expressivos se relacionam com uma política de segurança pública com influências ideológicas e “pouco técnica”.
O professor ainda destaca que parte dos óbitos ocorrem em contexto de subutilização da força policial para a segurança privada, como empregos secundários.
“Boa parte destas mortes ocorrem quando policiais estão realizando ‘bicos’ para majorar a renda. Esses eventos ocorrem porque as pessoas não se sentem seguras na cidade”, aponta Alcadipani em trecho do levantamento.
Violência policial em SP repercute no governo federal
Na última quarta-feira (4), o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) anunciou uma apuração célebre, através da Secretaria de Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, sobre os recentes casos de violação de direitos cometidos por policiais militares de São Paulo.
A nota foi motivada após imagens de um PM do 24ª Batalhão jogando um homem por cima de uma ponte na Zona Sul da capital circularem pelo país. O caso ocorreu no dia 2 de dezembro e foi um dos episódios de violência que ganharam repercussão naquela semana.
Entre as medidas divulgadas pelo ministério, estão a designação de um delegado especial e o envolvimento da Corregedoria da Polícia Militar para adoção das medidas cabíveis.
O Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública (GAESP), do Ministério Público paulista (MPSP), será destacado para acompanhar o promotor natural do caso para atuar nas diligências. Também em nota, o órgão ressaltou a necessidade do controle externo da atividade policial do estado.