O ano de 2024 entrou para a história do esporte e do jornalismo brasileiro com vitórias históricas de atletas negros, especialmente mulheres negras, e a presença inédita da Alma Preta na cobertura oficial das Olimpíadas de Paris.
Como a primeira mídia negra independente credenciada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), a equipe trouxe uma abordagem diferenciada, centrada na diversidade e na representação de atletas negros e de nações do Sul Global.
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A cobertura, realizada por profissionais da agência na capital francesa e por uma equipe remota no Brasil. O trabalho conjunto potencializou a visibilidade de temas que, muitas vezes, ficam à margem dos grandes eventos esportivos, como questões raciais, desigualdade social e inclusão.
O brilho do Time Brasil nas Olimpíadas: mulheres e negros no topo
As Olimpíadas de Paris consagraram o Brasil, com uma participação histórica marcada pela força feminina e pela representatividade negra. Das 20 medalhas conquistadas, três ouros foram protagonizados por mulheres negras: Beatriz Souza, no judô; Rebeca Andrade, na ginástica; e a dupla Duda e Ana Patrícia, no vôlei de praia.
O desempenho feminino foi ainda mais expressivo, com 12 medalhas conquistadas por mulheres, reforçando a marca de maior delegação feminina da história do país em Jogos Olímpicos (55%).
No judô por equipes, a icônica Rafaela Silva garantiu o ponto decisivo que rendeu o bronze ao Brasil, ao lado de Willian Lima e Larissa Pimenta, que também brilharam individualmente. O protagonismo negro e feminino elevou o esporte nacional a um novo patamar, destacando as potências muitas vezes subvalorizadas no cenário esportivo.
Relatos além do esporte
A Alma Preta não se limitou às arenas olímpicas. O veículo se destacou por trazer à tona histórias que extrapolam as arenas esportivas. Desde a denúncia de limpeza social em Paris — que envolveu a remoção de imigrantes e moradores de rua durante o evento — até o simbolismo de atletas africanos nas cerimônias de abertura.
A cobertura teve ampla repercussão, com conteúdos exibidos pelo Canal Futura em uma parceria inédita. Um dos marcos foi o levantamento de que 134 atletas negros foram porta-bandeiras de suas nações, um número expressivo que reforça a importância da representatividade.
Outro destaque foi a Station Afrique, uma fan fest organizada por 26 nações africanas na periferia de Paris, celebrando a cultura e a união do continente. Reportagens da Alma Preta exploraram o impacto dessa celebração para os moradores locais e o papel das Olimpíadas como um catalisador para o diálogo cultural.
No campo político, a boxeadora Marcelat Sakobi, da República Democrática do Congo, chamou atenção com um gesto contra a violência em seu país. Já nas periferias da Grande Paris, a equipe conversou com moradores, trazendo à tona o contraste entre o glamour dos Jogos e as dificuldades enfrentadas por comunidades marginalizadas.
Encerrando o ciclo olímpico, as Paralimpíadas consolidaram um ano histórico para o Brasil. Com 89 medalhas (25 ouros, 26 pratas e 38 bronzes), o país alcançou sua melhor campanha, ficando na quinta posição geral. A participação brasileira reafirmou o potencial de seus atletas paralímpicos, quebrando recordes e superando metas previamente estabelecidas.
A cobertura das Olimpíadas de Paris pela Alma Preta não foi apenas um marco para a agência, mas também para o jornalismo brasileiro e internacional. Ao dar espaço para histórias frequentemente invisibilizadas, a equipe reforçou a importância de uma narrativa plural e inclusiva, que valoriza a diversidade e desafia estruturas de exclusão.