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O sonho de Luther King não aconteceu, Trump é a prova disso

Líder do movimento civil dos Estados Unidos completaria hoje 96 anos; presidente eleito norte-americano toma posse em 20 de janeiro com posições contra os afro-americanos e imigrantes
O memorial de Martin Luther King Jr. sob neve, Washington, 15 de janeiro de 2024

O memorial de Martin Luther King Jr. sob neve, Washington, 15 de janeiro de 2024

— Andrew Caballero-Reynolds/AFP

15 de janeiro de 2025

“Eu tenho um sonho”, a frase que ficou marcada por Martin Luther King durante a manifestação pelos direitos civis em Washington em agosto de 1963, acreditava no fim da violência racial nos Estados Unidos. 

O sonho de Luther King, contudo, não se concretizou e nem parece que vai, ao menos nos próximos anos.

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Durante a célebre manifestação em Washington, King anunciou ter o sonho dos “nossos filhos não serão julgados pela cor de suas peles, mas pelo conteúdo de seu caráter”. Ele foi morto com um tiro na cabeça anos depois, em abril de 1968, o que gerou grandes manifestações nos EUA. 

Apesar do desejo de Luther King, os Estados Unidos e o mundo veem o crescimento de um discurso de ódio, de movimentos de extrema-direita, vários deles fundados na violência contra pessoas negras, ou simplesmente não brancas.

Prova disso é a vitória e a posse de Donald Trump nos Estados Unidos. O novo presidente norte-americano destinou parte da sua campanha para destilar ódio a grupos como imigrantes e pessoas negras.

O então candidato à Casa Branca e ex-presidente dos EUA Donald Trump participa de conversa com empresários negros em Atlanta, 3 de agosto de 2024
O então candidato à Casa Branca e ex-presidente dos EUA Donald Trump participa de conversa com empresários negros em Atlanta, 3 de agosto de 2024 (Joe Raedle/Getty Images/AFP)

Durante entrevista para uma associação de jornalistas negros, Donald Trump chegou a dizer que imigrantes ilegais estariam roubando os “trabalhos negros”, como se houvesse uma categoria de trabalho destinada a pessoas negras.

O caso gerou repercussão nos Estados Unidos, inclusive com a medalhista olímpica Simone Biles ironizando a fala de Trump com a vitória nos Jogos de Paris. Ela chegou a postar que adorava o “trabalho negro” dela.

O sonho de Luther King também fica impossível com uma guerra no Oriente Médio, com os ataques desproporcionais e genocidas de Israel contra a Palestina e o Líbano. 

O desejo de Luther King também não é possível com o avanço da extrema-direita em países europeus, com o crescimento de políticos com posicionamentos fascistas na América Latina, como é o caso de Jair Bolsonaro e Javier Milei.

O fracasso, contudo, não é total, sobretudo pela permanente mobilização de pessoas negras e não brancas.

Se há um ódio contra negras e negros, há mobilização desses grupos, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. 

Por aqui, inclusive, a discussão tem avançado, ampliado na sociedade, a ponto de não ser possível acreditar no mito da democracia racial. O debate sobre a existência ou não de racismo no Brasil foi superado, um avanço do movimento negro.

Mesmo que o sonho de Luther King não tenha se concretizado, seu legado segue gigantesco e fundamental para todas as pessoas que lutam por uma sociedade mais justa e igualitária, sem racismo.

Sem dúvidas, pessoas com o mesmo espírito de Luther King, inspiradas e influenciadas por ele, seguem na batalha para que um dia o sonho dele seja uma possibilidade.

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  • Pedro Borges

    Pedro Borges é cofundador, editor-chefe da Alma Preta. Formado pela UNESP, Pedro Borges compôs a equipe do Profissão Repórter e é co-autor do livro "AI-5 50 ANOS - Ainda não terminou de acabar", vencedor do Prêmio Jabuti em 2020 na categoria Artes.

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