A maior cidade do país, São Paulo, completa 471 anos no sábado, dia 25 de janeiro. Com mais de 11 milhões de pessoas, a capital paulista está entre as maiores cidades do mundo.
Diversa, formada por muitas histórias, o registro oficial optou por silenciar alguns e exaltar outros. Se por um lado, brancos costumam ser destacados, pessoas negras, indígenas e nordestinas, fundamentais para o crescimento da cidade, ficam de lado.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
A cidade de São Paulo é um museu aberto de homenagem aos bandeirantes. Aqueles responsáveis por abrir as matas do litoral de São Paulo com direção ao interior, que neste país mataram, sequestraram e estupraram pessoas negras e indígenas.
Apesar disso, são o símbolo maior da cidade, nome da casa do governador, o Palácio dos Bandeirantes, nome das principais rodovias, como a Raposo Tavares ou mesmo a dos Bandeirantes.
A cidade ainda possui um monumento para Borba Gato, outro bandeirante, com uma estátua de dez metros de altura, no bairro de Santo Amaro.
O monumento, inclusive, foi o foco de manifestação por parte de um grupo chamado de Revolução Periférica, que queimou a estátua. A ação virou alvo da polícia e da justiça e ocasionou a prisão de militantes da organização, como Paulo Roberto da Silva Lima (Galo), Danilo de Oliveira, Géssica Barbosa e Thiago Vieira Zem.
O caso abriu uma discussão sobre a exaltação dada pela cidade para figuras violentas para os povos negros e indígenas e para a falta de reconhecimento da cidade de pessoas do povo.
A pressão resultou na criação de novas estátuas de pessoas negras, como Lélia Gonzalez, Milton Santos e Madrinha Eunice. O avanço e a pressão veio das ruas, a partir de um ato popular.
As demandas, contudo, ainda estão aquém.
Para além das homenagens, a cidade de São Paulo tem um compromisso material com pessoas negras, indígenas, pobres e nordestinas, que tiveram um papel fundamental para essa cidade.
É inadmissível que o município, com 10% do PIB nacional, tenha quase 90 mil pessoas em situação de rua.
A pobreza e a desigualdade existem de maneira escancarada em um território que, como outros no Brasil, foi construído e criado sobre a brutalidade.
Violência, inclusive, cada vez mais evidente contra pessoas negras e das periferias da cidade, alvos das ações da polícia militar, sobretudo com as gestões de Tarcísio de Freitas como governador e Ricardo Nunes, como prefeito.
A data de aniversário da cidade de São Paulo deve ser o momento para exigir o fim das homenagens aos algozes do povo e a exaltação de quem construiu essa terra.
Mais do que isso, o momento político, mais do que nunca, demanda lutas populares para acabar com a pobreza e a desigualdade na cidade, estado e país.