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Nunes deve investir em infraestrutura em vez de querer remover as pessoas de suas casas, defende Instituto Peregum

Em nota, Instituto de Referência Negra Peregum aponta que proposta de remoção em massa de famílias no Jardim Pantanal pode empurrar a população para áreas igualmente precárias
Vista aérea de área alagada no Jardim Pantanal na última quarta-feira (5), na zona leste de São Paulo.

Vista aérea de área alagada no Jardim Pantanal na última quarta-feira (5), na zona leste de São Paulo.

— Miguel Schincariol/AFP

6 de fevereiro de 2025

Em São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) defendeu a remoção de famílias moradoras do bairro Jardim Pantanal, na periferia da zona leste, como forma de solucionar os problemas de alagamento, intensificados com as recentes chuvas na capital. 

Uma das medidas em estudo, segundo o prefeito, seria oferecer de R$ 20 mil a R$ 50 mil para incentivar os moradores a deixarem suas casas.

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O bairro, que abriga cerca de 45 mil habitantes, enfrenta inundações recorrentes há décadas, hoje agravadas pela crise climática. Um estudo realizado pela Prefeitura de São Paulo indicou que a retirada das famílias seria a opção mais onerosa, podendo custar até R$ 1,9 bilhão para a administração municipal. 

Para o Instituto de Referência Negra Peregum, a sugestão de Nunes pode piorar o contexto de vulnerabilidade social e racial da população paulista. Caso seja executada, a proposta também abrirá precedentes para que as remoções em massa sejam justificadas pelos eventos climáticos extremos. 

Em nota à imprensa, a organização defende que a solução para as questões referentes ao Jardim Pantanal está em ações estruturantes de urbanização e infraestrutura, para garantir as condições dignas de moradia para os residentes.

“A indenização de R$ 50 mil por família empurra essas pessoas para outras regiões igualmente precárias, sem resolver a raiz do problema. Esse tipo de medida transfere a responsabilidade para quem sofre com a falta de investimento público, em vez de garantir infraestrutura e urbanização adequadas”, aponta a coordenadora de Cidades e Clima do Instituto, Gisele Brito.

Racismo ambiental

A entidade ressalta que os eventos climáticos extremos afetam as populações negras e periféricas de modo desproporcional, uma vez que estes grupos têm menos acesso à infraestrutura e serviços públicos de qualidade. 

O fenômeno, também conhecido como racismo ambiental, é alimentado pela falta de investimentos em áreas predominantemente negras, além dos processos de expulsão indireta, valorização imobiliária descontrolada e criminalização dos moradores.

“Investimentos públicos não podem se concentrar apenas em regiões privilegiadas, reforçando o ciclo de exclusão. Obras de urbanização, drenagem e segurança devem ser implementadas sem que isso signifique a remoção forçada de comunidades vulnerabilizadas”, diz trecho do comunicado.

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  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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