O primeiro relatório mensal de 2025 do Instituto Fogo Cruzado aponta um aumento expressivo da violência armada na região metropolitana do Rio de Janeiro em janeiro. O número de tiroteios, vítimas de balas perdidas, agentes de segurança baleados e pessoas atingidas durante assaltos cresceu em relação ao mesmo período dos anos anteriores.
O levantamento identificou 277 tiroteios/disparos de arma de fogo na região, representando um aumento de 30% em relação a janeiro de 2024, quando houve 213 registros. Entre esses confrontos, 42% ocorreram durante ações e operações policiais.
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Recorde de vítimas de balas perdidas
O número de vítimas de balas perdidas em janeiro atingiu o maior patamar desde o início da série histórica. Foram 26 pessoas baleadas, sendo que sete foram mortas e 19 ficaram feridas. O crescimento é significativo em relação a janeiro de 2024, quando oito pessoas foram atingidas, todas sobreviveram.
A análise mostra que 18 das vítimas de balas perdidas deste ano foram atingidas durante operações policiais, das quais cinco morreram e 13 ficaram feridas.
Os agentes de segurança também foram impactados. Treze agentes foram baleados em janeiro, com oito mortes e cinco feridos. Esse é o maior número desde 2021, quando 15 agentes foram baleados no mesmo período. Além disso, 25 pessoas foram baleadas em roubos ou tentativas de roubo, o maior número desde 2020.
Carlos Nhanga, coordenador regional do Instituto Fogo Cruzado no Rio de Janeiro, destacou que as ações dos governantes em conter a violência são ineficazes.
“A violência armada no Rio de Janeiro segue fora de controle, e a ineficiência dos governantes é evidente. Ano após ano, vemos promessas vazias e estratégias que não protegem a população”, afirmou no documento divulgado.
Municípios e bairros mais afetados
O município do Rio de Janeiro registrou o maior número de tiroteios na região metropolitana, com 193 ocorrências, resultando em 43 mortos e 67 feridos. Além da capital, outros municípios também apresentaram índices elevados de violência armada. São Gonçalo teve 21 tiroteios, com quatro mortos e 15 feridos, seguido por São João de Meriti, onde foram contabilizados 14 confrontos, deixando quatro mortos e oito feridos.
Em Duque de Caxias, ocorreram 11 tiroteios, que resultaram em sete mortes e um ferido, enquanto Nova Iguaçu registrou nove episódios, com seis mortos e dois feridos.
Na capital, os bairros mais afetados pela violência armada foram o Complexo do Alemão, com 17 tiroteios, três mortos e quatro feridos, e Vila Isabel, onde ocorreram 12 tiroteios, deixando um ferido. A Penha também foi um dos pontos críticos, com nove confrontos, que resultaram em seis mortos e nove feridos. Em Bangu, foram oito tiroteios, deixando cinco mortos e um ferido, e em Santa Cruz, oito tiroteios resultaram na morte de uma pessoa.
Chacinas e letalidade nas operações policiais
O mês de janeiro registrou duas chacinas, resultando em oito mortos. Todos os casos ocorreram durante ações e operações policiais. No mesmo período de 2024, houve três chacinas, com dez mortos.
Entre as 181 pessoas baleadas na região metropolitana do Rio no mês, 56% foram atingidas durante operações policiais. O levantamento mostra que 27 das vítimas morreram e 75 ficaram feridas. Os dados completos da pesquisa podem ser acessados gratuitamente no site do Instituto Fogo Cruzado.