O Instituto Marielle Franco realiza nesta semana o evento “Março por Marielle e Anderson: mês de luta, memória e justiça”, com ações para marcar os sete anos do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro e de seu motorista, em 14 de março de 2018.
A iniciativa visa reforçar a luta por justiça e direitos humanos, além de dar visibilidade ao legado de Marielle.
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Em outubro de 2024, os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, executores do duplo homicídio, foram condenados a mais de 137 anos de prisão. A luta da família da vereadora por justiça, no entanto, ainda não acabou. Agora, eles buscam a condenação dos mandantes do crime. As investigações, ainda em curso, apontam os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão, além do delegado Rivaldo Barbosa, como os mandantes.
Em entrevista à Alma Preta, Marinete Franco, mãe de Marielle, relata como foi doloroso e violento o processo até a condenação dos executores da morte da filha e de Anderson.
“A gente vem de um ano difícil, mas um ano também de uma vitória importante, que foi a condenação dos réus e a chegada aos mandantes, que estão presos. O melhor é que a gente esteja nas ruas, nos lugares e firme no nosso propósito de pedir justiça por ela. É para ser exemplo de uma família que não se abala e não se abate na dificuldade”, afirma.
Marinete Franco também destaca a importância de manter vivo o legado da vereadora, que se tornou um símbolo de resistência como mulher negra, periférica e mãe solo.
“Não tem como falar da Marielle sem olhar para o legado que ela deixa, para as mulheres e para a sociedade de modo geral. É um legado incontestável desde o início de sua formação, que traz o seu caráter, traz a sua perseverança”, diz.
Para a mãe de Marielle, o legado da filha se perpetua na sociedade pela figura de diversas meninas, como a neta Luyara e as sobrinhas da vereadora, filhas de Anielle Franco.
“Isso se perpetua na figura da Luyara, na figura das suas duas sobrinhas, da Maria e da Eloá, das suas afilhadas que hoje continuam levando a sua história para que as pessoas conheçam em livro, em HQ, em história de vida, sendo exemplo dessa mulher que supera as dificuldades”, explica.
Apesar da dor da perda da filha, Mariene conta ainda que existe muita alegria na família e desejo de lutar. “Espero dores, mas também muita alegria, muita festa para a gente, temos sim o que comemorar. Temos sim que dizer que lutar por Marielle é lutar por cada uma de nós”, complementa.
Março por Marielle e Anderson
Com o apoio do Instituto Marielle Franco, cuja missão é potencializar e conectar mulheres negras, pessoas LGBTQIAPN+ e periféricas, espera-se que o evento fortaleça a transformação social inspirada pela trajetória da vereadora.
A principal ação será nesta sexta-feira (14), às 10h, com uma missa na Igreja Nossa Senhora do Parto, no centro do Rio de Janeiro, em um momento de solidariedade em homenagem à Marielle e Anderson. A cerimônia terá início com uma caminhada, acompanhada pela família da vereadora e pelo público em geral.
Autoridades políticas, defensores dos direitos humanos, representantes de movimentos sociais e organizações da sociedade civil também estarão presentes.
Após a missa, acontece o Festival Justiça por Marielle e Anderson, na Praça da Pira Olímpica, localizada no centro da capital fluminense, com entrada gratuita. A iniciativa vai contar com shows, feira gastronômica, espaço recreativo para crianças, além de um espaço interativo com exposição de fotos em memória das vítimas.
Já no sábado (15), será lançado o livro infantil “A História de Marielle Franco”, fruto da parceria entre o Instituto e a Editora Astral Cultural, na Livraria Leonardo da Vinci também no centro do Rio. A obra de autoria da professora Pamella Passos aborda a infância da vereadora na comunidade da Maré, e também retrata sua trajetória como mãe e política. A leitura busca inspirar novas gerações a lutar por igualdade social e direitos.