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Número de deslocados no mundo deve aumentar em 6,7 milhões até o final de 2026, aponta relatório

Conflitos, mudanças climáticas e cortes de ajuda humanitária são os principais fatores para o aumento do deslocamento global, segundo o Conselho Dinamarquês para Refugiados
Sudaneses deslocados perto da cidade de Tawila, em Darfur do Norte, em 11 de fevereiro de 2025, em meio à guerra entre o exército do Sudão e as forças paramilitares.

Sudaneses deslocados perto da cidade de Tawila, em Darfur do Norte, em 11 de fevereiro de 2025, em meio à guerra entre o exército do Sudão e as forças paramilitares.

— Agence France-Presse

14 de março de 2025

O número de deslocados à força em todo o mundo deve aumentar em 6,7 milhões até o final de 2026, segundo o relatório “Global Displacement Forecast 2025”, divulgado pelo Conselho Dinamarquês para Refugiados (DRC). Atualmente, mais de 122,6 milhões de pessoas já vivem em situação de deslocamento, e a projeção indica que esse número continuará a crescer, especialmente em regiões como a África Subsaariana, Ásia e Oriente Médio.

O relatório, que utiliza um modelo de previsão baseado em inteligência artificial, analisa mais de 100 indicadores, incluindo segurança, política, economia e fatores ambientais. A previsão aponta que cerca de 70% dos novos deslocados serão pessoas que se deslocam dentro de seus próprios países, conhecidos como deslocados internos (IDPs).

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Conflitos e mudanças climáticas como principais fatores

Os conflitos armados e a violência contra civis continuam a ser os principais motores do deslocamento global. Em 2024, o número de eventos de conflito aumentou 11% nos 27 países analisados, com destaque para o Oriente Médio, Ucrânia e Etiópia. A violência direcionada a civis também cresceu 8% globalmente, com a Palestina ocupada registrando o maior número de incidentes.

Além dos conflitos, as mudanças climáticas têm um impacto significativo no deslocamento. Secas, inundações e outros desastres naturais agravam as crises humanitárias, especialmente em países já fragilizados por conflitos e instabilidade econômica. A escassez de água e a degradação ambiental, por exemplo, têm levado a conflitos por recursos naturais em regiões como o Chifre da África.

Cortes de ajuda humanitária agravam a crise

O relatório também destaca os efeitos dos cortes de ajuda humanitária, especialmente por parte dos Estados Unidos, que reduziram bilhões de dólares em programas de assistência externa. Esses cortes já afetam diretamente os refugiados, com programas de proteção a adolescentes no Sudão do Sul e abrigos para mulheres deslocadas na Etiópia sendo fechados por falta de financiamento.

Segundo o DRC, em um cenário em que todos os fundos dos EUA são cortados, cerca de 57 milhões de pessoas a menos poderão ser atendidas, o que significa que apenas 26% das 307 milhões de pessoas que necessitam de assistência humanitária receberiam o apoio necessário.

O Sudão vive atualmente a maior crise de deslocamento do mundo, com 8,8 milhões de deslocados internos e 6,7 milhões de refugiados. O conflito no país, que já dura quase dois anos, tem sido marcado por violações graves dos direitos humanos, incluindo o uso da fome como arma de guerra. A previsão é que mais 1,4 milhão de pessoas sejam deslocadas no Sudão até o final de 2026.

Recomendações para o futuro

O relatório do DRC faz uma série de recomendações para enfrentar a crise de deslocamento, incluindo o aumento do financiamento para assistência humanitária e a promoção de soluções duradouras, como a integração local de refugiados e o reassentamento em países terceiros. 


Além disso, o documento enfatiza a necessidade de abordar as causas profundas do deslocamento, como conflitos e mudanças climáticas, por meio de investimentos em construção da paz e resiliência comunitária.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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