O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) lançou um mapeamento inédito de espaços históricos fundamentais para a preservação da cultura negra, da resistência e da ancestralidade africana no Brasil. O mapa interativo pode ser acessado no site do Observatório Nacional dos Direitos Humanos (ObservaDH).
A publicação “Lugares de Memória Negra e Africana no Brasil” apresenta 100 lugares importantes na história do tráfico de escravizados africanos no Brasil, além de destacar espaços de memória e resistência, comprovados por registro histórico.
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O mapeamento é baseado no “Inventário dos Lugares de Memória do Tráfico Atlântico de Escravos e da História dos Africanos Escravizados no Brasil”, publicado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Os lugares incluem comunidades quilombolas, locais de trabalho, de vida cotidiana e de práticas culturais negras, terreiros, igrejas fundadas por irmandades de grupos africanos e locais onde ocorreram revoltas da população negra.
De acordo com a pasta, a maior concentração desses espaços foi registrada no Nordeste, com 44 locais. O Sudeste aparece em segundo lugar no ranking (39), seguido pelo Sul (11), Centro-Oeste (3), e Norte (1). Entre os estados, a Bahia e o Rio de Janeiro lideram a listagem com, respectivamente, 23 e 20 lugares de memória.
No mapeamento, estão listados locais como a praia de Porto de Galinhas, no litoral sul de Pernambuco, e o Mercado Modelo, em Salvador. Ambos os recintos foram pontos por onde as pessoas traficadas e escravizadas do continente africano chegavam ao Brasil.
Também integram o mapeamento o Quilombo dos Palmares (AL), a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos (MG), a Casa da Tia Ciata (RJ), o Sítio Histórico de Alcântara (MA) e o Museu Afro Brasil (SP), que guarda importante acervo sobre a cultura e história da população negra no país.
Para Fernanda Thomaz, coordenadora-geral da Memória e Verdade da Escravidão e do Tráfico Transatlântico do MDHC, a publicação é uma importante ferramenta para a valorização da memória negra no país.
“Penso que é um momento importante para essa publicação, porque, se a gente pensar o tamanho do apagamento sobre a história, a experiência da população negra desde a escravidão até hoje, é fundamental destacar as contribuições dessa população africana e afrodescendente”, declarou a coordenadora-geral em nota à imprensa.