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Publicação inédita conecta política de drogas, uso da terra e justiça climática no Brasil

Edição especial da revista Platô reúne 17 artigos de especialistas para debater impactos da guerra às drogas em territórios e crise ambiental
Imagem de um Policial Militar de Rondônia em uma área de preservação invadida por grileiros.

Imagem de um Policial Militar de Rondônia em uma área de preservação invadida por grileiros.

— Alessandro Falco/Repórter Brasil

16 de abril de 2025

A revista Platô lança no dia 23 de abril a edição especial “Intersecção: Uso da Terra, Política de Drogas e Justiça Climática”. A publicação reúne 17 artigos de especialistas de diversas áreas e propõe uma abordagem inédita ao conectar a guerra às drogas à emergência climática e à violência nos territórios. 

A iniciativa é fruto da colaboração entre a Iniciativa Negra, a Plataforma Brasileira de Política de Drogas e a International Coalition on Drug Policy Reform and Environmental Justice.

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A proposta central do projeto é mostrar como as políticas proibicionistas comprometem a governança territorial, impedem a justiça climática e aprofundam desigualdades históricas. A edição convida o público a refletir sobre temas como grilagem, narcotráfico, racismo ambiental, criminalização das periferias e populações indígenas, devastação da biodiversidade e saúde pública.

Conflitos territoriais, racismo e narcotráfico

Entre os autores estão nomes como a liderança indígena Walela Paiter Suruí, a socióloga Nathália Oliveira, a jornalista Mariana Belmont, o neurocientista Renato Filev, o historiador Dudu Ribeiro e a escritora Juliana Borges. Os textos abordam as diversas faces da guerra às drogas e seus impactos em territórios e biomas.

Um dos artigos, assinado por Rebeca Lerer e Renato Filev, destaca que “cerca de 58% das prisões por crimes de drogas no Brasil são por porte de até 150 gramas de maconha”, e que grande parte dessa droga é produzida em latifúndios no Paraguai, em conexão com o mercado de cocaína e armas. A presença desses mercados fomenta a violência rural, a grilagem e o desmatamento.

Outro texto, da jornalista Midiã Noelle, ressalta que mais de 60% da população carcerária brasileira é negra, e a maioria está presa por crimes relacionados à guerra às drogas. O dado evidencia o caráter seletivo e racista da política de segurança pública.

A relação entre tráfico de drogas e degradação ambiental também é tratada. Letícia Benavalli aponta que áreas protegidas da Mata Atlântica são usadas por organizações criminosas para atividades ilegais, resultando em desmatamento e ameaça à biodiversidade, como no caso da onça-pintada.

Já Adriana Ramos expõe como a mudança de rotas do tráfico de cocaína para hidrovias amazônicas agravou a violência nas comunidades ribeirinhas. Entre 1991 e 2020, a taxa de homicídios na Amazônia passou de 18 para 31 assassinatos por 100 mil habitantes.

Racismo e política de drogas: obstáculos à justiça climática

Para Rebeca Lerer, “não haverá justiça climática enquanto persistir o modelo de guerra às drogas”. Em material de divulgação, Lerer afirma que a proibição de plantas como coca e maconha alimenta a violência e impede ações efetivas de preservação ambiental. Nathália Oliveira, da Iniciativa Negra, reforça que “não dá pra fazer justiça climática sem considerar o racismo presente nas decisões sobre uso da terra”, disse no mesmo material.

A revista busca contribuir com os debates nacionais e internacionais em torno da COP 30, que ocorrerá em Belém, em 2025. A proposta é destacar o papel do Brasil como elo entre as cadeias produtivas ilegais de drogas e os impactos territoriais e climáticos desse sistema.

A versão impressa será lançada presencialmente em 24 de abril, no Bloco do Beco, em São Paulo. Outros eventos estão previstos para Brasília (maio), Belém (junho), Salvador (julho) e Rio de Janeiro (agosto). A edição digital estará disponível gratuitamente on-line.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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