A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, participou do evento “Experiência de Aprendizagem sobre Equidade Racial 2030”, realizado pela Fundação W.K. Kellogg em parceria com o Projeto SETA, onde defendeu que o Brasil só alcançará uma democracia racial quando a população negra tiver acesso pleno à dignidade.
O encontro, iniciado nesta segunda-feira (28) em São Paulo, integra o Desafio de Equidade Racial 2030 e reuniu especialistas para debater os desafios educacionais relacionados às desigualdades raciais no país
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
Durante o painel “Cenários contextuais históricos de raça, educação e juventude no Brasil”, mediado por Ana Paula Brandão, gestora do Projeto SETA e diretora programática da ActionAid Brasil, foram apresentados dados que reforçam as barreiras enfrentadas pela população negra no acesso à educação de qualidade.
Ana Paula destacou que a população negra tem menos acesso à educação e menor probabilidade de concluir o ensino médio e superior. “Essa disparidade se manifesta em diversos aspectos, desde a infraestrutura escolar até a qualidade do ensino”, afirmou durante o evento.
Segundo a gestora, a luta histórica do movimento negro brasileiro foi responsável por avanços, como o Marco Legal que busca reduzir as desigualdades educacionais no país.
Dignidade e acesso a direitos como caminho para a democracia racial
A ministra Anielle Franco ressaltou que a evasão escolar afeta majoritariamente jovens negros de periferias, favelas e territórios vulneráveis. Ela reforçou a importância da Lei 10.639/03, que obriga o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas, como uma medida essencial para a transformação social.
Anielle enfatizou que a democracia racial depende da efetivação de direitos básicos, como acesso à educação, saúde, esporte, cultura e lazer, para a população negra. “Esse país só vai de fato ter uma democracia racial quando conseguirmos fazer com que a nossa população negra tenha acesso à dignidade de vida”, afirmou.
Ela reforçou que garantir o direito à vida é essencial: “O que mais temos lutado é para que nossa população esteja viva e viva com dignidade”, disse, pontuando que muitas vezes a juventude negra enfrenta a violência antes mesmo de acessar a educação e outras garantias constitucionais.
Construção coletiva e diálogo com a sociedade civil
O evento também apresentou as estratégias do Projeto SETA, que atua com movimentos sociais negros, quilombolas, indígenas e feministas, promovendo pesquisa, incidência política e formação para transformar o sistema educacional brasileiro.
Além dos debates, os participantes realizaram visitas ao Museu Afro Brasil e aos bairros históricos Saracura/Bixiga e Liberdade, em São Paulo, como forma de conhecer trajetórias da resistência negra na cidade.