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Costa do Marfim renomeia ruas que homenageavam a França

Projeto de modernização de sistemas de trânsito e localização busca refletir cultura local em nomes de vias
Trabalhadores instalam novas placas da rua George Amalan, em Abidjã, Costa do Marfim, 16 de abril de 2025

Trabalhadores instalam novas placas da rua George Amalan, em Abidjã, Costa do Marfim, 16 de abril de 2025

— Issouf Sanogo/AFP

2 de maio de 2025

Apesar de ser considerado um país aliado da França na região, a Costa do Marfim está afastando a memória da ex-metrópole de diversas ruas em várias de suas cidades em um processo oficialmente descrito como uma modernização de seu sistema de nomes de ruas.

A maior cidade da Costa do Marfim, Abidjã, mudou recentemente o nome da via que liga seu aeroporto ao centro da cidade. O nome da via não é mais o do ex-presidente francês Valerie Giscard d’Estaing, mas de Felix Houphouet-Boigny, o primeiro líder marfinense após a independência da França, em 1960.

Na mesma cidade, o boulevard Marseille, nomeado em referência à cidade do sul da França, chama-se agora boulevard Philippe Yace, em homenagem ao primeiro presidente do parlamento marfinense. Já o boulevard de France agora leva o nome da primeira-dama do país, Marie-Therese Houphouet-Boigny.

Em entrevista à agência AFP, o responsável pelo projeto de planejamento urbano, Alphonse N’Guessan, afirmou que os nomes antigos das vias “não eram necessariamente usados por nosso povo” e acrescenta que esses nomes devem “refletir nossa história, nossa cultura”.

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Trabalhadores instalam novas placas de rua em homenagem a figuras locais, em Abidjã, Costa do Marfim, 16 de abril de 2025
Trabalhadores instalam novas placas de rua em homenagem a figuras locais, em Abidjã, Costa do Marfim, 16 de abril de 2025 (Foto: Issouf Sanogo/AFP)

Com a mudança, diversas vias do país passam a homenagear políticos, cientistas, artistas, atletas ou conceitos marfinenses. A escolha dos nomes é feita em consulta à sociedade civil ou lideranças tradicionais locais.

O projeto é financiado pelo Banco Mundial com custo estimado de US$ 17 milhões (cerca de R$ 96,5 milhões). Segundo N’Guessan, o objetivo é que os sistemas de trânsito e localização do estejam em conformidade com os padrões internacionais.

O processo de mudança de nomes em Abidjã teve início em 2021, mas somente a partir de março deste ano as placas com novos nomes passaram a ser instaladas. Cerca de outras 15 vilas e cidades marfinenses também terão mudanças em nomes de ruas. A expectativa é de que o projeto seja concluído até 2030.

Em toda a região da África Ocidental, diversos países tem tomado uma postura de ruptura com a França. É o caso, por exemplo, de Níger, Burkina Faso e Mali, que lideram um movimento de rejeição ao passado colonial francês e sua continuidade.

Apesar da mudança em seu entorno, a Costa do Marfim, que esteve sob domínio francês de 1893 a 1960, não é parte desse movimento e segue sendo vista como uma aliada de Paris na região.

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