O segundo domingo de maio costuma ser marcado por homenagens às mães — flores, mensagens de carinho e comerciais que exaltam o amor materno. No entanto, quando o foco se volta às mães negras, a data também precisa ser um convite à reflexão sobre as camadas de desigualdade e resistência que atravessam suas maternidades.
Mães negras no Brasil exercem a função materna em um país onde o racismo estrutural impõe a elas uma jornada mais dura: salários mais baixos, maior exposição à violência e à vulnerabilidade social, além de um sistema de justiça que as ignora ou criminaliza. A maternidade negra, portanto, não é apenas afeto — é também política, sobrevivência e ancestralidade.
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É impossível falar do Dia das Mães sem lembrar de figuras como Mirtes Renata, mãe de Miguel, ou das tantas mulheres que encabeçam movimentos de mães vítimas do Estado, lutando por justiça e memória para seus filhos. São elas que carregam no corpo e na voz o peso de serem mães em uma sociedade que insiste em negar a humanidade de seus filhos.
Além disso, muitas mulheres negras exercem, historicamente, a função materna também para além de seus lares, sendo cuidadoras de outras famílias, numa herança escravocrata ainda presente nas estruturas do trabalho doméstico.
Neste Dia das Mães, que a homenagem às mães negras vá além do simbólico. Que seja um chamado à escuta, à reparação e à valorização de suas vidas — não só enquanto mães, mas enquanto protagonistas de uma luta coletiva por dignidade.