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Movimento negro articula atos na Europa para denunciar Bolsonaro e o racismo no Brasil

Depois de participar da Conferência do Clima (COP), ativistas participam de encontros com lideranças e parlamentares em Madrid, Berlim, Munique e Paris

Texto: Pedro Borges | Edição: Nadine Nascimento | Imagem: Yago Rodrigues / Alma Preta Jornalismo

Movimento negro articula atos na COP26.

9 de novembro de 2021

Integrantes da Coalizão Negra por Direitos participam de agendas públicas em Paris, Madrid, Berlim e Munique, entre os dias 8 e 12 de novembro. A ideia dos ativistas é denunciar o governo Bolsonaro internacionalmente e apresentar a situação de violência contra a comunidade negra.

O vice-prefeito de Paris, Jean-Luc Romero, recebeu a delegação brasileira para dialogar sobre a situação de violência contra negros no Brasil e o racismo ambiental. O encontro ocorreu no dia 8 de novembro, na prefeitura da cidade.

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“A agenda foi muito importante para a CONAQ e a Coalizão Negra por Direitos para reafirmar com o vice-prefeito e salientar o comprometimento com os quilombolas, com a questão da água”, relata Sandra Braga, representante da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ).

“Houve uma recepção solícita por parte da prefeitura de Paris, que tem o desejo de prosseguir em contato conosco”, completa Douglas Belchior, articulador da Coalizão Negra por Direitos. Ele também sinalizou o compromisso da gestão da capital francesa para a defesa dos direitos humanos no Brasil, em especial da comunidade negra.

A prefeitura de Paris inaugurou no dia 21 de Setembro de 2019 um jardim em homenagem a Marielle Franco, vereadora assassinada no dia 14 de Março de 2018. Anderson Gomes, motorista da ex-parlamentar, também foi executado na mesma ação.

As demais agendas vão seguir o mesmo objetivo, de apresentar para o mundo as violências a que estão submetidas pessoas negras e o pedido de apoio de articulação para superar esses problemas. Por conta da COP26, que ocorre em Glasgow, Escócia, o racismo ambiental tambem fará parte das denúncias feitas pelo movimento negro.

Em Madrid, está planejado um encontro com diversos parlamentares do país, de diferentes partidos, no dia 10 de Novembro. Haverá também um encontro com líderes de comunidades africanas e afrodescendentes residentes da capital Madrid.

Agenda similar ocorre em Berlim, no dia 12 de Novembro, quando os representantes da Coalizão Negra por Direitos se reúnem com a deputada Deborah Düring, do Partido Verde.

Eliete Paraguassu, pescadora da Ilha de Deus, em Salvador, enfatiza a importância de todas as agendas articuladas pelo movimento negro no âmbito internacional.

“Debater em Paris e na COP o racismo ambiental foi um grande ganho. A gente denunciou todo o tipo de racismo no Brasil e quem denunciou foram os pretos, não os brancos. Nunca na história brasileira uma mulher pescadora fez essa denúncia”, afirma, Eliete.

O racismo ambiental no ambiente urbano também será colocado nas conversas, como explica Thaís Santos, integrante da Uneafro e do Quilombaque. “O racismo ambiental nas cidades é muito velado. Não se tem a leitura de que o aterro sanitário criado em um bairro predominantemente negro é uma violência contra os territórios negros e periféricos”, diz.

A delegação é composta por Kátia Penha, Cleiton Purificação, Hilton Durão e Sandra Braga, membros da CONAQ, Douglas Belchior e Thaís Santos, representantes da Uneafro, e Eliete Paraguassu, pescadora da Ilha de Deus, em Salvador.

Leia também: Em protesto na COP, movimento negro pede fim do racismo ambiental

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