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Mulheres de axé pedem direito de resposta contra vereador de Feira de Santana

Paulão do Caldeirão é acusado de intolerância religiosa por associar religiões de matrizes africanas ao culto ao diabo e satanás; candomblecistas protocolaram pedido de resposta na Câmara dos Vereadores

Texto: Dindara Ribeiro | Edição: Lenne Ferreira | Foto: Divulgação/Câmara dos Vereadores de Feira de Santana 

Vereador Paulão do Caldeirão é acusado de intolerância religiosa

30 de agosto de 2021

A Rede de Mulheres de Axé do Brasil abriu um protocolo na Câmara de Feira de Santana, na Bahia, com pedido de direito de resposta ao vereador José Paulo, conhecido como Paulão do Caldeirão (PSC), acusado de intolerância religiosa. O caso se refere a uma fala do vereador, que, durante uma sessão, proferiu insultos ao Candomblé: “Não estou aqui para servir casa de macumba”, afirmou em vídeo compartilhado nas redes sociais. Ele também fez uma associação das religiões com o culto de entidades como Diabo e Satanás.

Em uma nota de repúdio, assinada por mais de 300 representantes de casas de axé da Bahia e mais 16 estados, a Rede diz que a atitude do vereador cristão é carregada de “ódio” e “racismo” e também critica a conduta do vereador Edivaldo Lima (MDB), que antes da fala do vereador Paulão havia feito um discurso de cunho homofóbico.

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“As Mulheres de Axé – Secção Bahia repudiam de forma veemente, os atos dos vereadores Paulão do Caldeirão e Edivaldo Lima, edis com posições e atitudes antidemocrática e insana, práticas que atentam contra a dignidade humana, com desrespeito aos cultos de matrizes africanas ou seus adeptos, decorrente de misantropia, segregação racial, ou ódio religioso”, cita um trecho do documento, que foi protocolado na Câmara de Feira de Santana.

Leia também: Em decisão inédita, Judiciário da Bahia condena evangélica por intolerância religiosa

O movimento ressalta também a garantia da laicidade do país. “[…] podemos viver em pleno gozo da democracia e abrigados em uma Nação miscigenada e multiétnica como a brasileira, entretanto nos deparamos com expressões de ódio religioso ou qualquer estrutura social que estabeleça a segregação de um povo”.

“AS MULHERES DE AXÉ DO BRASIL, SECÇÃO BAHIA, enfileira-se em defesa dos Direitos Constitucionais e legais que assistem a todos os cidadãos brasileiros. O Estado é laico e, por dever, deve abrir seu púlpito para todas as vozes. Vestiremos branco, pela paz, para que a mácula do ódio e da intolerância não abra em chaga novamente neste país e em nosso povo. A intolerância religiosa não é algo que atinge apenas uma religião, isso é fato, o que acontece é que aqui no Brasil, nenhuma outra orientação religiosa foi tão massiva e historicamente perseguida como as denominadas afro-brasileiras-brasileiras, entre elas, o candomblé e todo segmento religioso de matriz africana”, diz a nota.

O Terreiro Ilê Axé Gilodefan, localizado no recôncavo baiano e que também assina o documento da Rede, emitiu uma nota de repúdio contra o vereador e definiu a conduta como “inadmissível”. “Exigimos respeito e repudiamos toda e qualquer manifestação do tipo para com negros, negras, quilombols e todos os grupos, social e historicamente perseguidos nesse país, o que inclui também o povo de axé […] Tais atrocidades evidenciam a urgência de construirmos coletivamente estratégias para sensibilizar o combate contra todas as formas de desrespeito e intolerância. Que pai Xangô faça justiça. Axé!”, completa a nota.

A Alma Preta procurou a Câmara de Feira de Santana para saber o posicionamento da Casa Legislativa em relação ao pedido de resposta da Rede de Mulheres de Axé do Brasil, porém, não obtivemos retorno até o fechamento desta matéria. Também procuramos um posicionamento do vereador, mas também não tivemos resposta.

Leia também: Polícia abre inquérito contra pastor que usa redes para difundir intolerância religiosa

  • Dindara Paz

    Baiana, jornalista e graduanda no bacharelado em Estudos de Gênero e Diversidade (UFBA). Me interesso por temáticas raciais, de gênero, justiça, comportamento e curiosidades. Curto séries documentais, livros de 'true crime' e música.

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