Após o metalúrgico Luiz Carlos da Silva, de 65 anos, ter ficado de cueca diante de outros clientes do supermercado Assaí Atacadista para provar que não furtou nenhum produto, ativistas organizam um ato de repúdio ao estabelecimento localizado em Limeira, no interior de São Paulo.
As imagens do homem negro em situação vexatória geraram revolta nas redes sociais e uma campanha de boicote à marca Assaí, que faz parte do Grupo do Casino.
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“São imagens fortes e que impactam. A forma como os meios de comunicação exploraram o fato também é uma continuação de uma violência contra um corpo inocente que foi exposto sem necessidade. Quem deveria ser exposto era o nome da rede atacadista responsável por essa violência”, acredita Ingryd Silva, liderança do coletivo negro Conexão Preta, de Limeira.
Luís entrou no supermercado para pesquisar preços, na última sexta-feira (6), e estava de saída sem comprar nada quando foi abordado, segundo ele, por dois seguranças. Nas imagens, é possível ver que o metalúrgico foi cercado por outros seguranças e funcionários do Assaí.
A psicóloga Amanda Catarino faz parte da comissão de organização de um protesto contra o supermercado programado para o próximo domingo (15) na cidade.
“Os movimentos sociais e a população estão indignados e não querem que este caso seja silenciado, que isso não se repita mais. Precisa servir de exemplo para que outros estabelecimentos e instituições passem a discutir questões raciais e parar com esse estereótipo racista de que a pessoa de pele preta é suspeita”, pontua Amanda.
Segundo ela, falta uma retratação e um reconhecimento do ato racista por parte do Assaí e que a rede de supermercados se responsabilize por ele. “Foi um ato de racismo e vão deixar por isso mesmo”, diz.
A vereadora Isabelly Maria de Carvalho (PT) apresentou na segunda-feira (9) uma proposta de moção de protesto contra o episódio no atacado. Na delegacia, o caso foi registrado como constrangimento.
À Alma Preta Jornalismo, a Prefeitura de Limeira informou, em nota, que vai acompanhar “atentamente o andamento do caso”. O Comicin (Conselho Municipal dos Interesses do Cidadão Negro) tem acompanhado outros casos de denúncias de racismo na cidade.
“Quantas denúncias de racismo são colocadas em descrédito por falta de um vídeo? O que teria acontecido com a vítima caso não houvesse alguém para registrar e denunciar o caso de racismo? São alguns questionamentos que devemos explicitar. É necessário pontuar o racismo presente neste episódio e não cair na armadilha de pensar isso como um fato isolado, quando, na verdade, é uma regra cruel”, afirma Patrícia Barbosa da Silva, conselheira do Comicin e membro do coletivo Crespas e Cacheadas de Limeira.
Em nota, a rede Assaí afirma que “recebeu com indignação as imagens dos vídeos e se solidariza totalmente com o cliente”. Além disso, “está à disposição das autoridades e segue contribuindo ativamente com a investigação”. A empresa conta que um funcionário foi demitido. A nota da rede reiteria que “não tolera abordagens que fazem qualquer juízo de valor em relação à classe social, orientação sexual, raça, gênero ou qualquer outra característica”.
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