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Conheça a sociedade de combate às fake news criada no século 19

Liderada por um intelectual negro, a Sociedade Petalógica identificava e desmascarava mentiras que movimentavam a política da época; grupo revelou Machado de Assis

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nadine Nascimento I Imagem: Reprodução

desenho do escritor e editor Francisco Paulo Brito da sociedade Petalógica

6 de julho de 2021

A estratégia de usar informações mentirosas para confundir a sociedade e tirar o foco de escândalos políticos já era uma preocupação no século 19. Foi por isso que surgiu a Sociedade Petalógica, em 1840, no bairro do Catete, no Rio de Janeiro, organizada pelo tipógrafo, jornalista e intelectual negro Francisco de Paula Brito, pioneiro na imprensa negra brasileira.

Brito reuniu grandes intelectuais, poetas, artistas, abolicionistas e pessoas do povo para investigar e desmascarar os mentirosos com bom humor e ironias. Era uma iniciativa de vanguarda na checagem de fake news.

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A atuação da Sociedade Petalógica no combate às mentiras que circulavam na capital federal e a denúncia dos propósitos por trás dessas histórias inventadas durou cerca de vinte anos e reuniu diversos apoiadores, entre eles o escritor Machado de Assis, que começou a frequentar as reuniões com 17 anos e citou a sociedade em vários textos no futuro.

A pluralidade de assuntos foi a marca da Sociedade Petalógica como descreveu Machado de Assis em uma de suas crônicas.

“Onde ia toda a gente, os políticos, os poetas, os dramaturgos, os artistas, os viajantes, os simples amadores, amigos e curiosos, – onde se conversava de tudo – desde a retirada de um ministro até a pirueta da dançarina da moda; onde se discutia tudo, desde o dó de peito do Tamberlick até os discursos do marquês de Paraná”, escreveu o autor. 

Eram membros da Sociedade Petalógica os poetas Gonçalves Dias e Laurindo Rabelo; os romancistas Joaquim Manuel de Macedo, Manuel Antônio de Almeida e Teixeira de Souza; os compositores Francisco Manuel da Silva. Além de artistas como Manuel Araújo e João Caetano dos Santos.

Durante os encontros, foram criadas músicas, modinhas, crônicas e textos contra as mentiras que circulavam pelo país. O nome petalógica veio da expressão ‘peta’ que significa ‘lorota’.

Paula Brito foi editor do jornal Homem de Cor, o primeiro a ter a questão racial como foco, e editou a obra “O Mulato” – clássico de Aluizio de Azevedo – e os primeiros textos de Machado de Assis.

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