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Jovem com deficiência intelectual baleado por PM de folga está algemado em hospital

Jovem saiu para comprar pão e leite, foi acusado de roubo e baleado na boca por um cabo da Polícia Militar; juiz negou habeas corpus

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nataly Simões I Imagem: Acervo Pessoal

16 de abril de 2021

O juiz Zorzi Rocha, da sexta Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, negou o pedido feito pela Defensoria Pública para que Thiago Duarte de Souza, 20 anos, dê continuidade ao tratamento médico sem ficar algemado no leito do Hospital Geral de São Mateus, na Zona Leste, onde também está sob escolta policial.

O jovem negro possui deficiência mental e foi baleado na boca pelo cabo da PM Denis Augusto Amista Soares no dia 8 de abril, quando ia comprar pão e leite em um mercado no bairro onde mora também na Zona Leste. O policial, que estava de folga, fez o registro da ocorrência acusando o rapaz de porte de arma.

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A família do jovem e testemunhas contestam a versão do policial, que serviu de base para a prisão preventiva. O pedido da Defensoria Pública destaca que Thiago está em estado grave no hospital, não tem nenhuma condenação criminal anterior e a sua soltura não coloca em risco a ordem pública.

Sem a liminar, que foi negada pela justiça, o jovem vai continuar algemado no hospital a até que o caso seja julgado novamente, o que pode demorar, pelo menos, mais um mês.

A mãe de Thiago, a diarista Queli Duarte, conta que o quadro de saúde do filho melhorou e ele deixou a UTI (Unidade de Terapia Intensiva). “Ele foi desentubado e está fora de perigo, conforme me disseram no hospital”, relata.

Por causa do protocolo de prevenção à Covid-19, Queli não pode ver o filho desde o dia do crime, mesmo com uma decisão liminar que permitiu a visita. Segundo a mãe, não há previsão de alta para o jovem, que permanece algemado.

A denúncia de testemunho falso na elaboração da ocorrência está sendo investigada pela ouvidoria das polícias. O cabo Denis estava sem uniforme quando abordou o jovem. Thiago levantou a camisa para mostrar que não estava armado e que só queria entrar no mercado para comprar pão e leite.

“Ele estava deitado no chão quando foi baleado na boca. A gente mora na rua atrás do mercado. A avó dele estava no mercado quando atiraram nele. Ela chegou a perguntar para o policial porque é que ele atirou no menino”, lembra a mãe de Thiago.

O jovem não tem noções cognitivas, não sabe ler ou escrever. Segundo a mãe, ele não consegue dizer nem endereço de casa ou o nome completo dos pais. A Rede de Proteção e Resistência ao Genocídio presta apoio aos familiares de Thiago.

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