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A África precisa virar um país, diz ex-vice-premiê do Zimbábue

1 de fevereiro de 2019

Segundo o professor de robótica e ex-vice-premiê do Zimbábue, Arthur Mutambara, o continente africano precisa se tornar um país e deixar a ideia de integração gradual da União Africana de lado.

Texto / Da Redação
Imagem / Reprodução

As declarações de Mutambara acerca do tema foram dadas durante uma palestra proferida na Universidade de Oxford, no Reino Unido. Durante sua fala ele fez críticas à União Africana, afirmando que organização não é o suficiente para o que acredita ser a necessidade do continente: tornar-se um país.

“De início, nós precisamos de um Estados Unidos da África – um país – e não uma união de países soberanos. Nós precisamos abolir a soberania nacional e abraçar a soberania continental”, afirmou o professor durante palestra no dia 24 de janeiro, conforme citação do site IOL, da África do Sul.

O professor acrescentou que entende que os africanos devem abraçar uma “soberania pan-africana”. Citando números, ele salientou que essa seria uma forma de alavancar a população de 1,2 bilhão de pessoas do continente, seus recursos naturais “massivos”, assim como o que descreveu como potencial PIB de US$ 2,3 trilhões.

Líderes da União Africana reunidos na sede da organização, em Adis Abeba, na Etiópia – ( Foto: Reprodução)

Mutambara citou como exemplo países como a China, a Índia e os Estados Unidos como modelos de governos centrais sobre grandes populações e territórios.

Ele ainda afirmou que não se pode esperar, no entanto, que os líderes africanos queiram o mesmo, ainda que em alguns casos exerçam o poder sobre populações “famintas”. Citando os presidentes das duas maiores economias do continente, Ciryl Ramaphosa, da África do Sul, e Paul Kagame, da Nigéria, afirmou que a União Africana apenas nutre “ambições ilusórias” dos líderes africanos.

“Eles [líderes africanos] têm orçamentos nacionais, visões, estratégias, políticas, eleições, mandatos, manifestos e planos de implementação. Programas da UA como a Agenda 2063 não são referenciados nem se refletem nas ambições nacionais, planos e programas. A estrutura organizacional central é o Estado africano individual e não o continente africano”, apontou o político.

Julius Nyerere (à esq.) e Kwame Nkrumah (à dir.) – (Foto: Reprodução)

Mutambara ainda remeteu ao debate de formação da União Africana, que hoje reúne todos os 55 Estados africanos. Segundo ele, à época, 1963, o líderes africanos, Kwame Nkrumah, de Gana, e Julius Nyerere, da Tanzânia, discutiram se a organização deveria criar um país ou consolidar os Estados africanos primeiro e gradualmente integrá-los depois. Para ele, Nkrumah, proponente da criação de um país único, estava certo.

O ex-vice-premiê disse que os 56 anos de União Africana através da doutrina de integração gradual falharam na criação dos “Estados Unidos da África”. O professor Mutambara reconheceu que a possibilidade de criação de tal Estado é difícil de ser realizada, ou até impossível. Porém, citando Nelson Mandela, afirmou: “É sempre impossível até que seja feito”.

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