PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Ataque destrói caminhão e deixa pacientes sem acesso à água potável em hospital no Sudão

UNICEF denuncia destruição de veículo em hospital de El-Fasher, único centro médico em operação na cidade sitiada por forças paramilitares
Sudaneses deslocados se reúnem em um abrigo após serem evacuados pelo exército sudanês para uma área mais segura em Omdurman, em 13 de maio de 2025, em meio à guerra em curso no Sudão.

Sudaneses deslocados se reúnem em um abrigo após serem evacuados pelo exército sudanês para uma área mais segura em Omdurman, em 13 de maio de 2025, em meio à guerra em curso no Sudão.

— Ebrahim Hamid/AFP

15 de maio de 2025

A cidade de El-Fasher, capital do estado de Darfur do Norte, no Sudão, enfrenta novo agravamento na crise humanitária após a destruição de um caminhão de água no interior do Hospital Saudita, uma das poucas unidades de saúde ainda em funcionamento na região. 

O ataque, causado por disparo de artilharia, deixou cerca de mil pacientes gravemente doentes sem acesso à água potável, segundo informou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) nesta quarta-feira (14).

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

A cidade, com cerca de dois milhões de habitantes, é a única entre as capitais dos cinco estados de Darfur que permanece fora do controle das Forças de Apoio Rápido (RSF), grupo paramilitar que mantém El-Fasher sob cerco desde maio de 2024.

Hospital atingido e apelo por respeito ao direito internacional

O caminhão destruído era parte de um esforço coordenado pela UNICEF para garantir fornecimento de água aos pacientes do Hospital Saudita. A organização declarou que a destruição comprometeu o acesso à água segura para aproximadamente mil pessoas em estado crítico.

A agência da ONU voltou a apelar a todas as partes do conflito que respeitem o direito internacional humanitário. “A UNICEF continua a exigir que todas as partes cumpram suas obrigações sob o direito humanitário internacional e cessem todos os ataques contra infraestruturas civis essenciais”, afirmou em nota.

Divisão territorial e colapso dos serviços de saúde

A guerra no Sudão, que entrou em seu terceiro ano, opõe as Forças Armadas, lideradas pelo general Abdel Fattah al-Burhan, ao grupo paramilitar RSF, comandado por Mohamed Hamdan Daglo. O conflito dividiu efetivamente o país: o Exército controla o norte, o leste e o centro; a RSF domina quase toda a região de Darfur e partes do sul.

Em comunicado emitido na quarta-feira, o Exército acusou a RSF de atacar áreas povoadas em El-Fasher. A destruição da infraestrutura hospitalar ocorre em meio a um cenário de colapso dos serviços de saúde. Segundo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), entre 70% e 80% das instalações de saúde nas áreas afetadas pelo conflito estão fora de operação.

O conflito já causou a morte de dezenas de milhares de pessoas e deslocou 13 milhões, sendo 5,6 milhões somente na região de Darfur. A Organização das Nações Unidas (ONU) classifica a situação no país como a pior crise humanitária do mundo atualmente.

As duas partes em confronto enfrentam acusações de crimes de guerra, incluindo ataques deliberados contra civis, bombardeios indiscriminados de áreas residenciais e bloqueio de ajuda humanitária.

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

Leia mais

PUBLICIDADE

Destaques

Cotidiano