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Atentados a bomba nos EUA evidenciam tentativas de execução do povo preto

27 de março de 2018

Onda de explosões causou óbitos de duas pessoas e suspeito de autoria de ataques morreu durante perseguição policial. Autoridades de Austin, Texas, suspeitam de ódio racial

Texto / Amauri Eugênio Jr.
Foto / Reprodução/Facebook

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Draylen Mason, 17, era lembrado como um garoto muito inteligente e com um futuro brilhante graças ao talento musical. Tanto que o CEO do programa de educação musical Austin Soundwaves, Patrick Slevin, dizia que ele conseguia tocar baixo só de ouvir notas e que ele tinha muita vontade em aprender e aprimorar a sua técnica, ao citar o talento do jovem. Além disso, amigos falavam da positividade que ele emanava no dia a dia, o que contagiava quem estava ao redor.

O gerente de projetos Anthony Stephan House, 39, é lembrado como um atleta talentoso, de quem todos gostavam, além de ser alguém marcado pelo modo positivo como encarava a vida – e esse legado era compartilhado com sua parceira e com a filha, de 8 anos.

As vozes de Draylen e Anthony foram silenciadas em um ato de ódio. A intolerância privou amigos, parentes e demais pessoas próximas de terem contato com a energia positiva emanadas pelos dois. Anthony e Draylen perderam as suas vidas em uma série de atentados a bomba cometidos em Austin, capital do Texas, no início de março.

Os ataques

O primeiro ataque aconteceu em 2 de março e vitimou Anthony. À época, os policiais envolvidos na investigação do caso consideraram o episódio como caso isolado e não consideraram haver motivação racial para a tragédia – isso sem contar que a vítima ainda foi alvo de suspeita sobre ter sido ela a construtora da bomba, mas essa possibilidade foi ignorada pouco tempo depois. Ainda, a Casa Branca afirmou que o fato não parecia ter raiz ligada ao terrorismo.

A situação tomou outro rumo dez dias depois, após o episódio que vitimou Draylen. No mesmo dia, uma senhora de 75 anos, de origem hispânica, feriu-se com gravidade em outro episódio com a mesma dinâmica. Os dois episódios fizeram as investigações mudarem de rumo e passaram a ter como foco a questão de ódio racial. Além disso, ambos os ataques foram registrados enquanto acontecia o SXSW (South by Southwest), festival de música, tecnologia e cinema.

Após a onda de tragédias motivadas por ódio racial, houve outro registro em 18 de março, quando duas pessoas ficaram feridas após explosão que ocorreu enquanto elas caminhavam, e no dia 20, na sede da empresa de logística FedEx, que deixou uma pessoa ferida sem gravidade.

No dia seguinte, Mark Anthony Conditt, 23, suspeito de ser o autor dos ataques, morreu após um artefato explodir no carro o qual conduzia – ele estava em perseguição policial no momento da explosão.

Apesar de as investigações ainda não estarem concluídas, a semelhança das bombas dos ataques com a que o vitimou, assim como a dinâmica dos episódios – tratava-se de pacotes deixados em frente às casas das vítimas -, o colocaram como suspeito da autoria dos crimes. Além disso, o perfil dos alvos – pessoas negras e hispânicas, no caso da idosa sobrevivente – fazem crescer a suspeita de que a motivação é por ódio racial.

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