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Conflito no Congo: 12 países africanos criticam administrações paralelas do grupo armado M23

Países africanos, incluindo Ruanda, condenam grupo armado por violações de direitos humanos e avanço territorial em região rica em minerais
Soldados do grupo armado M23 embarcam em caminhonetes para escoltar os veículos do coordenador Corneille Nanga e do governador Erasto após participarem de um culto de ação de graças organizado pela administração do M23/AFC em Goma, em 18 de maio de 2025.

Soldados do grupo armado M23 embarcam em caminhonetes para escoltar os veículos do coordenador Corneille Nanga e do governador Erasto após participarem de um culto de ação de graças organizado pela administração do M23/AFC em Goma, em 18 de maio de 2025.

— Jospin Mwisha/AFP

29 de maio de 2025

Doze países africanos, incluindo o Ruanda, assinaram nesta quarta-feira (28) uma declaração conjunta condenando a instalação de “administrações paralelas” pelo grupo armado M23 no leste da República Democrática do Congo (RDC). A assinatura ocorreu durante um encontro regional em Entebbe, Uganda, com presença de representantes congoleses.

O grupo M23 ocupa territórios na região desde janeiro de 2025 e é acusado de graves violações de direitos humanos. A Organização das Nações Unidas (ONU) denunciou execuções sumárias de suspeitos, incluindo menores de idade, enquanto a Anistia Internacional acusou o grupo de assassinatos e tortura de civis detidos ilegalmente. O M23 nega as acusações.

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O apoio militar de Ruanda ao M23 tem sido alvo de duras críticas internacionais, inclusive por parte da Bélgica, antiga potência colonial tanto do Congo quanto do Ruanda. Analistas apontam que Kigali começou a reavaliar esse apoio devido ao custo financeiro e diplomático envolvido.

Administrações paralelas e presença de grupos estrangeiros

O comunicado conjunto afirma que os países “condenam os avanços territoriais e a instalação de administrações paralelas” tanto pelo M23 como pela Aliança do Rio Congo, da qual o grupo faz parte. Além disso, o texto pede o desmantelamento de todos os outros grupos armados estrangeiros ativos na região oriental da RDC e exige que depositem as armas incondicionalmente.

Entre os grupos citados está a Força Democrática de Libertação de Ruanda (FDLR), fundada por ex-líderes hutus responsáveis pelo genocídio contra os tutsis em 1994. O M23 justifica sua ofensiva alegando que o governo congolês apoia a FDLR e que seu objetivo seria neutralizar o grupo.

Outro grupo mencionado é o Forças Democráticas Aliadas (ADF), de origem ugandense e ligado ao Estado Islâmico. O ADF já foi responsabilizado por massacres que resultaram na morte de milhares de civis. Tropas congolesas, com apoio do exército de Uganda, enfrentam a milícia, assim como combatem a Cooperação para o Desenvolvimento do Congo (CODECO), outra força armada local.

A declaração também menciona o grupo Resistência para o Estado de Direito em Burundi (RED-Tabara), menos ativo nos últimos anos, mas que já realizou ataques em solo burundês. Desde outubro de 2023, o Burundi enviou mais de 10 mil soldados à RDC para apoiar o Exército congolês contra o M23 e outros grupos armados.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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